O novo rei do povo amaZulu, o maior grupo étnico na África do Sul, "já está no trono", anunciou este sábado o primeiro-ministro tradicional do reino amaZulu, o príncipe Mangosuthu Buthelezi.
O até agora príncipe Misuzulu Sinqobile kaZwelithini foi nomeado rei do povo amaZulu para suceder ao seu pai, Goodwill Zwelithini kaBhekuzulu, que morreu em março.
Mangosuthu Buthelezi de 92 anos, salientou que "qualquer membro da família real que deseje agora contestar o testamento da falecida rainha regente [Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu, que morreu no final de abril], pode fazê-lo", acrescentando que "no que concerne à família e ao povo Zulu, o rei já está no trono" e que "há formalidades que devem ser agora seguidas pelo Governo".
O reconhecimento oficial do novo monarca amaZulu pelo Governo sul-africano será feito através do Ministério dos Assuntos Tradicionais e Governação Cooperativa, que subsidia, com mais de 65 milhões de rands por ano (3,7 milhões de euros), a Casa Real do maior grupo étnico no país.
O primeiro-ministro tradicional dos Zulus e líder soberano do clã Buthelezi disse também hoje à imprensa que a família real zulu "jurou" lealdade ao novo monarca, após uma reunião em Kwanongoma, na província do KwaZulu-Natal.
De acordo com Buthelezi, a reunião foi convocada pela rainha Mayvis MaZungu, matriarca sénior da família, acrescentando que o príncipe Misuzulu também retornou ao palácio real de Kwakhangemankengane, em Kwanongoma.
Misuzulu Sinqobile kaZwelithini, de 46 anos, foi retirado do palácio na noite de sexta-feira por razões de segurança, ao ser nomeado rei na leitura do testamento da sua mãe.
A morte do rei Goodwill Zwelithini, em 12 março, de doença associada à diabetes e à covid-19, e da rainha Mantfombi, que teve sete filhos do monarca zulu, acentuou as divisões no seio da família real zulu em torno da herança do monarca, que deixou seis esposas e 28 filhos.
Numa ação judicial, a primeira esposa do rei, Sibongile Dlamini, contesta que tenham direito a 50% dos bens do rei, frisando que o testamento do monarca ignorou esse aspeto, apesar de ser casada em comunhão de bens.
Outra ação judicial, apresentada pelas filhas da primeira rainha, argumenta que a assinatura do rei no testamento terá sido "forjada", exigindo a sua revisão.
Embora o Rei dos Zulus não tenha poder executivo, o carismático Goodwill Zwelithini liderou pacificamente os mais 11,5 milhões de Zulus, um quinto da população da África do Sul.
Goodwill Zwelithini e Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu visitaram a Madeira e estiveram em Lisboa a convite do herdeiro da coroa portuguesa, Duarte Pio, duque de Bragança, em abril de 1992, tendo sido recebidos também pelo então Presidente da República, Mário Soares.
Voltaram a estar em Portugal, em maio de 1995, no casamento do duque de Bragança, no Mosteiro dos Jerónimos. (RM-NM)
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