A polícia deteve dois grupos de uma seita religiosa cujos membros renunciaram aos seus bens nas aldeias para se juntarem em matas do interior centro do país.
O caso ocorreu na província de Tete e as autoridades suspeitam de ligações a movimentos insurgentes, averiguando se há ligações com os rebeldes de Cabo Delgado.
O primeiro grupo com 14 membros, todos homens adultos, foi interceptado em 07 de Setembro numa viatura que viajava pelo interior do distrito de Tsangano.
Já o segundo grupo com 44 membros, que incluía 19 mulheres e 17 crianças, com idades entre 4 meses e 17 anos, está sob custódia policial desde domingo.
Foram detidos num acampamento numa mata densa no povoado de Chicachirue, na fronteira entre os distritos de Angónia e Tsangano, na fronteira com o Maláui, explicou Feliciano da Câmara, porta-voz do comando provincial da polícia em Tete.
Entre os membros estão quatro professores que leccionam nas escolas dos dois distritos.
Os restantes membros renunciaram aos seus empregos e bens para a realização de uma "suposta cerimónia religiosa".
A polícia está a tentar "identificar a seita religiosa e todos os contornos que os levaram a se encontrar naquele local, visto que levavam consigo alimentos e roupas, entre outros", explicou o porta-voz, adiantando que a operação de neutralização dos grupos partiu de uma denúncia.
Os grupos foram levados para as instalações no comando distrital da polícia de Angónia, onde permanecem, e vão ser responsabilizados, desde logo, "por violarem o decreto presidencial", que proíbe reuniões religiosas em tempo de covid-19.
Paralelamente, decorre uma investigação sobre as motivações do agrupamento na mata.
A polícia está a averiguar se o grupo tem "relação com as questões de segurança que estão a existir no norte de Moçambique, concretamente em Cabo Delgado", concluiu.
Cabo Delgado é uma província rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas. (RM)
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