A Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, defendeu esta quarta-feira o estado da democracia nacional, afastando as críticas da oposição de que está a conduzir o país para a "ditadura".
Quando chegou ao poder em abril, Samia Suluhu Hassan mostrou sinais de rutura com o seu antecessor autoritário, John Magufuli, que morreu subitamente no final de março, afirmando-se pronta a defender a democracia e as liberdades fundamentais.
Mas a detenção, no final de julho, do líder do principal partido da oposição, Freeman Mbowe, que está atualmente a ser julgado por "terrorismo", lançou dúvidas sobre as suas intenções.
"A Tanzânia [é] muito boa em democracia", disse Samia Suluhu Hassan, falando numa cerimónia para assinalar o Dia Internacional da Democracia da ONU.
"Sei que há desafios à nossa democracia, mas isso é normal porque nenhum país é perfeito em democracia", acrescentou.
O partido Chadema, de Freeman Mbowe, denunciou um julgamento "político" contra o seu líder e uma deriva do regime em direção à "ditadura".
Outro grupo da oposição, a Aliança para a Mudança e Transparência (ACT Wazalendo), disse hoje que a democracia estava "sob prisão" sob o regime de Samia Suluhu Hassan.
"Dizemos isto porque o governo interrompeu deliberadamente alguns processos democráticos em nome da construção da economia. Ninguém tem o poder de restringir a liberdade de opinião, de imprensa, de associação ou de voto, mas infelizmente isto foi feito pelo governo anterior e o governo atual está a continuar a tendência", escreveu o partido.
Samia Suluhu Hassan, que sucedeu ao defunto Magufuli como vice-presidente ao abrigo da Constituição, também deu a entender que concorreria às eleições presidenciais de 2025.
"Estão a começar a provocar-nos, publicando na imprensa que a Samia não vai correr. Quem lhes disse isso?" disse a única mulher presidente de África, juntamente com a presidente da Etiópia Sahle-Work Zewde, cujo cargo é honorário.
"Colocaremos uma mulher presidente em 2025 se fizermos bem o nosso trabalho, se estivermos unidos", acrescentou.
Em agosto, o Governo suspendeu o jornal Uhuru, propriedade do partido no poder, por 14 dias, por publicar uma notícia "falsa" de que Hassan não estava a planear concorrer às próximas eleições presidenciais.
Esta foi a primeira ação deste tipo contra um meio de comunicação social desde que tomou posse.
Em setembro, o Governo também suspendeu um semanário privado durante 30 dias por ligar um pistoleiro "terrorista", que matou quatro pessoas a tiro em agosto em Dar es Salaam, ao partido governamental. (RM-NM)
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