A União Africana (UA), com o seu Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, vai realizar, esta segunda-feira, em Adis Abeba, na Etiópia, uma reunião, para discutir a "estratégia de resposta adaptada à covid-19".
O encontro terá como temas a situação da vacinação contra a covid-19 em África - as estratégias para aumentar a aceitação da vacina e possíveis parcerias para facilitar a adesão à mesma, a necessidade de aumento de testes para monitorizar a situação da pandemia, e a preocupação face a novas variantes, assim como as suas implicações políticas
A pandemia de covid-19 já provocou 225.591 mortos em África, onde foram registados 9.049.217 casos, dos quais 8.270.074 recuperaram da doença, segundo dados oficiais regionais hoje divulgados.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), na última semana o número de novos casos ultrapassou a barreira dos nove milhões.
Esta semana, tal como nas anteriores, as novas infecções dispararam principalmente em África, com um aumento de +57% de casos.
É de se salientar que a África do Sul atingiu um novo recorde de casos, com 26.976 infecções, poucas semanas após anunciar a descoberta da variante Ómicron, que semeou o pânico em todo o mundo.
Em eSwatini houve um aumento de +119% de casos, comparativamente à semana passada, reportando 1.100 casos diários. É o país que registou a maior aceleração da semana entre aqueles com pelo menos 1.000 infecções diárias
De momento, a África está dependente do mecanismo internacional Covax e das doações para vacinar a sua população.
O sistema Covax visa fornecer, este ano, vacinas a 20% da população em quase 200 países e territórios participantes.
O Covax inclui um mecanismo de financiamento que permite a 92 nações com níveis baixos e médios de desenvolvimento económico acederem às doses, e foi criado para tentar evitar que os países ricos detivessem em exclusivo as vacinas.
Em 14 de Dezembro foi anunciado, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que o continente africano poderá não atingir o objectivo de vacinar 70% da sua população de 1,3 mil milhões de habitantes contra a covid-19 até à segunda metade de 2024.
Enquanto alguns países mais ricos, motivados pelo aparecimento da nova variante, a Ómicron, decidiram permitir doses de reforço da vacina como resposta, menos de 8% da população africana recebeu as duas doses da vacina contra a covid-19.
Apenas 20 dos 54 países africanos vacinaram completamente pelo menos 10% da sua população contra a covid-19, e 10 países vacinaram completamente menos de 2% da sua população.
No entanto, seis países - Cabo Verde, Maurícias, Botswana, Marrocos, Seycheles e Tunísia - alcançaram 40% de cobertura, sendo que as Maurícias e Seicheles atingiram os 70%.
A directora da OMS para África, Matshidiso Moeti, recusou que as nações africanas estejam a permitir que um grande número de doses de vacinas seja desperdiçado devido a infra-estruturas deficientes e à hesitação face à vacinação.
"Agora que os fornecimentos [de vacinas] começam a aumentar, temos de intensificar a nossa atenção sobre outras barreiras à vacinação, incluindo a falta de financiamento, equipamento, trabalhadores da [área da] saúde e capacidade da cadeia de frio, bem como abordar a relutância em vacinar", afirmou Moeti.
O continente africano recebeu cerca de 434 milhões de doses de vacinas, e cerca de 910.000 delas expiraram em 20 países, representando menos de 1%, explicou Moeti.
Das 434 milhões de doses recebidas, 350 milhões foram através do mecanismo Covax, das quais cerca de 80% chegaram nos últimos quatro meses, segundo a agência das Nações Unidas.
Apesar deste aumento do envio de doses, a falta de "previsibilidade" é um problema para alguns países, uma vez que as autoridades descobrem, muitas vezes, a data de validade das doses apenas dias antes de as receberem e o número total de vacinas no ato de entrega.
Para evitar desperdícios, a Covax já mudou a sua forma de funcionamento: enquanto inicialmente tentou fornecer a cada país as doses necessárias para vacinar 20% da sua população, agora oferece aos Estados a possibilidade não só de especificar que vacina preferem, mas também quantas doses têm a capacidade de utilizar, de acordo com a OMS.
"A produção de vacinas tem ficado repetidamente aquém das projecções. Em Setembro, a COVAX anunciou uma redução de 25% na sua angariação de vacinas previsto para 2021", salientou a organização não-governamental (ONG) Humans Right Watch (HRW).
Segundo a OMS, todos os dias há seis vezes mais doses de reforço a serem administradas globalmente do que as primeiras doses em países pobres.
Devido a esta dificuldade em aceder a vacinas, está a ser desenvolvido, em África, um projecto para se construir uma fábrica de vacinas da Moderna.
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) referiu que o investimento para este projecto é de cerca de 40 milhões de euros, e que já está pré-aprovado pela OMS.
O objectivo é a produção de "até 500 milhões de doses anuais" no continente. (RM /NMinuto)
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