O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou esta quinta-feira que respondeu em nome dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) às cartas que Moscovo lhes enviou para que tomassem posições separadas sobre a crise na Ucrânia.
"Respondi em nome dos Estados-membros da UE às cartas que tinham recebido do ministro [dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei] Lavrov", disse Borrell na sua conta na rede social Twitter, citado pela agência espanhola EFE.
O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança defendeu na mesma mensagem que as "tensões e desacordos devem ser resolvidos através do diálogo e da diplomacia".
"Apelamos à Rússia para que reduza as tensões e inverta a sua escalada militar na Ucrânia e na Bielorrússia", acrescentou o antigo chefe da diplomacia espanhola, sem revelar o conteúdo da resposta.
Lavrov escreveu a cada um dos seus homólogos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) a pedir uma posição de cada país sobre a crise ucraniana, independentemente de cada uma das organizações.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, já tinha anunciado, em declarações à Lusa na quarta-feira à noite, que os chefes da diplomacia da UE tinham optado por uma resposta conjunta a Lavrov.
"Decidimos que, visto que fazemos parte de uma mesma entidade política -- União Europeia -- e aqueles que fazem parte, como Portugal, (...) de uma mesma aliança político-militar, da NATO -- que a resposta devia ser conjunta", disse Augusto Santos Silva.
Os 27 Estados-membros da UE fazem parte da OSCE, mas nem todos integram a NATO. Portugal pertence às duas organizações.
Numa primeira reacção ao anúncio de que iria receber uma posição colectiva, em vez de respostas individuais, Sergei Lavrov lamentou a decisão e disse que, assim, o "diálogo não prosperará".
"Como tenho ouvido, em vez de respostas honestas de cada país, a UE quer apresentar um documento colectivo, que não reflectirá as nuances das posições nacionais", disse Lavrov numa conferência de imprensa em Moscovo, no final de conversações com a sua homóloga britânica, Liz Truss.
"Depois pensaremos em como sair desta situação", acrescentou o ministro russo, citado pela EFE.
O porta-voz da diplomacia da UE, Peter Stano, confirmou que a resposta "escrita e assinada" por Borrell foi entregue esta quinta-feira aos representantes russos em Bruxelas.
"Em geral, porque não posso entrar em detalhes até termos confirmado que o destinatário leu a carta, posso dizer que ela contém a resposta mutuamente acordada dos 27 Estados-membros da UE a todas as questões levantadas pelo ministro Lavrov na sua mensagem escrita no final de Janeiro", disse Stano.
A missão russa junto da UE confirmou num comunicado que a resposta foi entregue ao embaixador Vladimir Chizhov pela directora para a Política de Segurança e Defesa do Serviço Europeu de Acção Externa, Joanneke Balfoort.
"Este documento responde à mensagem escrita do ministro dos Negócios Estrangeiros russo sobre a indivisibilidade da segurança" enviada aos chefes da diplomacia de vários países europeus, Estados Unidos e Canadá em 28 de Janeiro, disse a missão russa.
Segundo a missão russa, Balfoort "deixou claro que a UE não pretende tornar público o conteúdo desta resposta".
Desde o início da crise, a UE tem insistido que está unida na resposta a Moscovo e que faz parte das discussões de segurança que as autoridades russas estão a realizar com a NATO e a OSCE, uma vez que os países europeus são membros destas organizações.
Também deixou claro que está em contacto permanente com os Estados Unidos para que a posição da UE seja tida em conta nos contactos que Washington mantém com a Rússia.
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira ucraniana para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da NATO. (RM-NM)
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