O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, sublinhou esta terça-feira, num debate com os eurodeputados, que a agenda europeia não deve ser imposta em África, mas sim responder às necessidades urgentes deste continente.
"Temos que tentar evitar o erro de que podemos impor a nossa agenda em África", disse Borrell, num debate sobre a cimeira UE/África, que decorre em Bruxelas na quinta e sexta-feira.
"Temos que saber quais são as realidades imediatas e as limitações de curto-prazo que enfrentam uma imensa maioria dos africanos", salientou o alto representante da UE para a Política Externa.
Como exemplo, Borrell abordou a questão da baixa taxa de vacinação no continente, esclarecendo que se deve principalmente a problemas logísticos: "Muitas vezes não é a falta de vacinas, mas a falta de capacidade de vacinar".
O chefe da diplomacia europeia sublinhou ainda que não se pode falar de África como se fosse um país.
"África não é um país, é um continente tão grande que nele cabem os Estados Unidos, México, China, Japão, Índia e Europa juntos, temos que ter muito presente a imensa diversidade de África".
O continente africano, lembrou, tem 54 países, dois mil idiomas, uma imensa oportunidade e um enorme conjunto de problemas, que a cimeira UE/África tem como objectivo abordar.
Josep Borrell destacou ainda que "metade da população africana não tem acesso a electricidade e vive uma luta diária para acesso a água" e 60% da população tem menos de 25 anos.
No debate, o eurodeputado Paulo Rangel (PSD) abordou a situação em Moçambique, concretamente a situação no norte, "que poderia ser uma boa escola para a cooperação entre a Europa e a África", fundamental para o bloco europeu, mas onde a China "já está a entrar nesta parceria e a tirar o lugar da nossa missão no contexto de Cabo Delgado", palco de ataques armados desde 2017.
Por seu lado, Carlos Zorrinho (PS) considerou a cimeira como "um momento determinante" e a base do reforço de "uma parceria forte, entre iguais, focada nos resultados e na qualidade de vida dos povos".
O eurodeputado João Pimenta Lopes (PCP) considerou que a UE "olha para o continente africano como um tabuleiro geoestratégico onde se discutem recursos, mercados e zonas de influência".
A VI cimeira União Africana-União Europeia realiza-se na quinta-feira e na sexta-feira em Bruxelas, com a presença dos chefes de Estado ou de Governo dos países pertencentes às duas organizações, e pretende estabelecer as bases de uma parceria renovada.
O primeiro-ministro, António Costa, que representa Portugal na reunião, co-presidirá à mesa-redonda "Educação, Cultura, formação profissional, migração e mobilidade" e intervirá também na mesa "Paz, segurança e governança". (RM-NM)
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