Os 400 prisioneiros talibãs que vão ser libertados para permitir o início das negociações de paz com Cabul representam um "perigo para o mundo", alertou o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani.
A paz tem um custo e com esta libertação "estamos a pagar a maior parcela, o que significa que a paz terá consequências", sublinhou o presidente afegão durante uma videoconferência organizada por um centro de reflexão de Washington, noticia a agência AFP.
Para o governante, a libertação de "criminosos empedernidos" e traficantes de droga "provavelmente representará um perigo para os Estados Unidos e para o mundo".
O Governo liderado por Ashraf Ghani deverá agora iniciar as negociações de paz directas com os talibãs, que exigiam previamente a libertação destes 400 prisioneiros.
Entre eles, segundo a lista oficial consultada pela AFP, estão mais de 150 condenados à morte, além de um grupo de 44 cativos "indesejáveis", uma espécie de lista negra repleta de perfis considerados problemáticos pelas autoridades norte-americanas e afegãs, mas também de outros países.
Cabul já libertou quase 5 mil talibãs, mas as autoridades afegãs até agora recusaram-se a libertar os últimos 400 prisioneiros reivindicados pelos insurgentes.
Na noite de segunda-feira, Ghani assinou um decreto que ordenava a libertação destes em dois dias, mas isso ainda não tinha acontecido até à noite desta quinta-feira.
Segundo fonte oficial do Governo afegão, os prisioneiros não serão libertados até que os talibãs libertem os soldados afegãos que ainda têm sob o seu domínio.
Caso estes sejam libertados na sexta-feira, Cabul libertará os 400 talibãs, destacou a mesma fonte à agência AFP, sob condição de anonimato.
Ghani vincou ainda que os talibãs terão de fazer concessões nas negociações de paz.
O presidente afegão deu a entender que as negociações podem ser longas, referindo-se ao acordo bilateral assinado no final de Fevereiro entre os talibãs e o Governo liderado por Donald Trump, com o objectivo de retirar as forças norte-americanas do Afeganistão o mais rapidamente possível.
"Este período deve ser produtivo, caso contrário pode-se transformar em destruição", concluiu o presidente afegão.
O Governo do Afeganistão tinha iniciado em 07 de Agosto uma consulta sob a forma de Loya Jirga, assembleia de anciãos e elites políticas, mais de 3.200 participantes de diversos grupos sociais, incluindo 30% de mulheres, para decidir sobre a libertação dos últimos 400 prisioneiros talibãs na perspectiva do início das conversações de paz e foi aprovada em 09 de agosto. (RM /NMinuto)
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