A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou esta quinta uma estratégia de combate à resistência aos medicamentos anti-maláricos em África, que está a preocupar as autoridades no continente.
Nos últimos anos, têm-se registado casos de resistência emergente de parasitas à artemisinina, o composto principal dos melhores medicamentos disponíveis para tratar a malária em África, segundo um comunicado da OMS.
Há também sinais preocupantes de que os parasitas em algumas áreas podem ser resistentes a medicamentos, que são normalmente combinados com a artemisinina, pelo que a OMS considera necessárias "medidas vigorosas para proteger a sua eficácia".
A estratégia da OMS é lançada quando decorre a Semana Mundial de Sensibilização Antimicrobiana, uma campanha anual global para melhorar a sensibilização para a crescente ameaça da resistência aos antibióticos e outros medicamentos.
"Embora a resistência aos medicamentos antimaláricos seja um sério motivo de preocupação, as terapias combinadas à base de artemisina (ACT) continuam a ser o melhor tratamento disponível para o tratamento da malária falciparum sem complicações", observou Pascal Ringwald, responsável da nova estratégia e coordenador do Programa Global da OMS contra o Paludismo.
A OMS recomenda actualmente seis terapias combinadas diferentes à base de artemisinina, como tratamento de primeira e segunda linha para o paludismo falciparum sem complicações.
A uma escala global, a resistência parasitária à artemisinina foi identificada na sub-região do Grande Mekong e em várias áreas de África, nomeadamente Uganda, Rwanda e Eritreia.
Até à data, a resistência aos fármacos parceiros da ACT não foi confirmada em África e o tratamento permanece altamente eficaz.
No entanto, há alguns sinais preocupantes: Faltam dados para vários países e as conclusões contraditórias sobre a eficácia da ACT precisam de ser mais bem avaliadas.
Tendo em conta a forte dependência de ACT em África, o fracasso total do tratamento poderia ter consequências muito graves.
"Não temos assim tantas opções para medicamentos contra a malária", observou Dorothy Achu, a nova chefe de equipa da OMS para as Doenças Tropicais e Vectoriais para a Região Africana da OMS.
Em 2016, os investigadores do Imperial College London avaliaram o impacto potencial da resistência generalizada, tanto à artemisinina como a um medicamento parceiro em África, tendo concluído que resultaria em mais 16 milhões de casos de paludismo por ano e cerca de 360.000 casos mais graves que exigiriam hospitalização, levando a 80.000 mortes adicionais por ano.
Neste mesmo cenário, o impacto económico anual em todo o continente africano foi estimado em mil milhões de dólares. (RM-Angop)
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