O secretário-geral das Nações Unidas (ONU) apelou ao "fim imediato dos combates" em Nagorno-Karabakh, onde o Azerbaijão lançou na terça-feira uma nova ofensiva que já causou 29 mortos, suscitando preocupações na comunidade internacional.
Três anos depois de uma guerra que terminou com uma derrota militar da Arménia, o conflito recomeçou na terça-feira, com a França a pedir uma reunião de "emergência" do Conselho de Segurança da ONU face a uma ofensiva "ilegal" e "injustificável" de Baku em Nagorno-Karabakh.
A reunião poderá ter lugar quinta-feira, disseram duas fontes diplomáticas à agência de notícias France-Presse (AFP).
O chefe da ONU, o português António Guterres, apelou, "com toda a veemência, ao fim imediato dos combates (...) e ao cumprimento mais rigoroso do cessar-fogo de 2020 e dos princípios do direito internacional humanitário", segundo um comunicado divulgado na terça-feira à noite pelo seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
A Rússia também apelou, na manhã de quarta-feira, ao "fim imediato do derramamento de sangue, ao fim das hostilidades e ao fim das vítimas civis", numa declaração emitida pelo seu Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Na terça-feira à noite, a presidência do Azerbaijão apelou às tropas de Nagorno-Karabakh - um território separatista do Azerbaijão com uma população maioritariamente arménia - para deporem as armas, como condição para o início das negociações.
"As forças armadas arménias ilegais devem hastear a bandeira branca, entregar todas as armas e o regime ilegal deve ser dissolvido. Caso contrário, as operações antiterroristas continuarão até ao fim", declarou.
Desde terça-feira, pelo menos 29 pessoas morreram nos combates. Os separatistas comunicaram 27 mortos, incluindo dois civis, e mais de 200 feridos, enquanto cerca de sete mil residentes de 16 localidades foram deslocados.
O Azerbaijão informou que dois civis tinham morrido em zonas sob o seu controlo.
Os separatistas afirmam que várias cidades de Nagorno-Karabakh, incluindo a capital, Stepanakert, estão a ser alvo de "fogo intenso", que visa também infra-estruturas civis.
Baku anunciou que 60 posições arménias tinham sido conquistadas.
A Arménia, por seu lado, denunciou uma "agressão em grande escala" com vista a uma "limpeza étnica", mas afirmou não ter tropas em Nagorno-Karabakh, sugerindo que os separatistas estavam sozinhos a lutar contra os soldados azeris.
A Arménia considera que cabe à Rússia, garante de um cessar-fogo que data de 2020, com forças de paz no terreno, agir para "travar a agressão do Azerbaijão".
O conflito de 2020 resultou numa derrota militar para a Arménia, forçada a ceder terreno ao Azerbaijão. (RM-NM)
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