Em 1857, Edward Garrison Draper candidatou-se para trabalhar como advogado no Maryland. O juiz disse que este era qualificado, mas faltava-lhe um critério essencial para a altura: ser branco.
Há várias formas de compensar pelos crimes da escravatura - compensações financeiras, apoios a comunidades negras, descontos fiscais -, mas o estado do Maryland começou esse processo repondo a justiça sobre um homem negro discriminado pela sua cor de pele há 166 anos.
https://64a3bd85b9b392faadaf15d7a5715da8.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html Numa cerimónia especial no Supremo Tribunal do Maryland, na quinta-feira, o tribunal admitiu postumamente o advogado Edward Garrison Draper, que foi rejeitado do equivalente norte-americano da ordem dos advogados simplesmente por ser negro.
Segundo o caso apresentado pelo antigo juiz John G. Browning, do Texas, Draper candidatou-se à ordem em 1857 e o juiz que o avaliou disse que era "qualificado em todos os aspectos" necessários. Só que Draper era algo que, na altura, significava uma exclusão automática da esmagadora maioria dos aspectos da vida em sociedade nos EUA: ser negro.
"Maryland não estava na vanguarda da aceitação de candidatos negros a profissões na justiça. Mas ao atribuir esta admissão póstuma a Edward Garrison Draper, o tribunal coloca-se a si mesmo e coloca o Maryland na vanguarda da justiça restauradora e demonstra conclusivamente que justiça atrasada não precisa de ser justiça negada", afirmou Browning à Associated Press.
Na altura, o juiz responsável por avaliar Draper, Z. Collins Lee, escreveu que o candidato era "muito inteligente e bem informado", afirmando que seria qualificado o suficiente "se fosse um cidadão branco livre deste estado".
De recordar que a abolição da escravatura nos Estados Unidos só foi ratificada em 1865 e, mesmo após o fim da escravatura, a população negra foi segregada na justiça e na vida social norte-americana, até à lei dos direitos civis de 1964 que proibiu oficialmente a discriminação com base na raça, cor de pele, religião, sexo ou nacionalidade.
Shirley M. Watts, um dos membros do colectivo de juízes que aprovou a candidatura de Draper, vincou que o Maryland torna-se assim no primeiro estado norte-americano a aceitar postumamente um advogado, e disse que as pessoas "podem apenas imaginar" quais teriam sido as contribuições de Draper para a profissão se este tivesse sido admitido há 166 anos. (RM-NM)
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