A Rádio Moçambique participou recentemente na Conferência Mundial de Arquivo Audiovisual, subordinada ao tema Blame it on the Algorithm (A culpa é do algoritmo), que teve lugar na cidade suiça de Locarno, de 16 a 20 de Outubro, envolvendo mais de 280 delegados oriundos de mais de 45 países do mundo. Da África, dois países estiveram representados, nomeadamente Quénia e Moçambique, na qualidade de convidados.
Há, no geral, algumas preocupações em comum no processo de digitalização. Uma delas é que o equipamento não é fabricado ao ritmo das necessidades. Para além disso, há uma gritante falta de peças para a substituição em casos de avaria. Dada a urgência de preservação do material, foi concluido que é necessário que se encontrem soluções imediatas, que poderão passar por criar organizações com fins não lucrativos, tendo como objectivo principal mobilizar recursos para investir na digitalização, incentivar a Indústria a produzir mais equipamento e colocar à disposição do mercado a preços acessíveis e persuadir os fabricantes a produzirem peças em quantidade e qualidade.
A questão de massificação da digitalização deve estar no centro das preocupações da FIAT/IFTA, que deve encontrar estratégias para expandir o processo. Uma delas, poderá passar por criar centros de digitalização, em que o material seja transportado para os países com necessidades, criar centros de digitalização ou mesmo fazê-lo de forma ambulatória ao longo dos países que revelem dificuldades em encontrar soluções próprias.
Em África, o processo está ainda muito atrasado, mas o INA - Instituto Nacional Audiovisual (francês) - tem sido um parceiro estratégico na dinamização do processo de digitalização em alguns países africanos. Reconhecendo o vasto e rico património depositado nas suas colecções, a Rádio Moçambique não constitui excepção neste esforço que visa a mobilização de recursos para a materialização deste desiderato.
No processo de migração, deve haver uma estratégia de aferição de qualidade para evitar uma migração deficiente ou falhas graves que podem implicar um novo processo. Sendo este investimento oneroso, convém garantir que haja sempre um supervisor a verificar a qualidade da transcrição. Transcrever com supervisão pontual tem múltiplas vantagens, dentre as quais a garantia da qualidade e contenção de recursos com novas transcrições, para além de evitar o desperdício do tempo.
Os países que ainda não iniciaram a digitalização devem procurar absorver a experiência daqueles que já deram passos assinaláveis, evitando assim, repetir os mesmos erros. Por exemplo, há relatos de alguns percalços, na Alemanha, que consistiram no facto de os técnicos só se terem conta das falhas no processo de digitalizacão 2 anos mais tarde quando pretendiam começar a utilizar as colecções, tendo descoberto que 40% do material tinha sido mal transcrito.
A unificação entre a rádio e televisão públicas tem sido apontada como uma das soluções na mitigação de alguns constrangimentos do processo migratório. Uma das vantagens desta opção reside na contenção de custos operacionais e na facilidade de se lidar com a convergência de media. E, mais importante ainda, no contexto da digitalizacão, pode-se destacar a facilidade de gestão do um único arquivo digital, com ganhos extraordinários na exploração conjunta e venda de conteúdos.
Os arquivos são de extrema importância para a radiodifusão. Só para ilustrar, basta apenas referir que o arquivo da BBC é o maior provedor de conteúdos para a transmissão no canal.
A próxima edição de FIAT/IFTA terá lugar em Outubro de 2024, em Bucareste, Roménia.
Sobre a Organização
A FIAT/IFTA foi fundada em 1977 e, na altura, mais de 250 membros juntaram-se à organização para promover a cooperação entre arquivos de rádio e televisão, arquivos audiovisuais, bibliotecas, actores envolvidos na preservação e exploração de documentos multimedia e toda a documentação associada. Com vista à materialização deste desiderato, foram criadas quatro comissões temáticas para abordar todas as questões relacionadas com conteúdos audiovisuais e promover o estudo de temas específicos, nomeadamente, (1) estudos de media; (2) gestão de media; (3) preservação e migração; (4) valor, uso e direitos de autor.
A FIAT/IFTA tem como missão:
• CRIAR um fórum para troca de conhecimentos e experiências entre os seus membros.
• PROMOVER o estudo de qualquer tema relevante para o desenvolvimento e valorização dos arquivos audiovisuais.
• ESTABELECER padrões internacionais sobre questões-chave relativas a todos os aspectos da gestão dos meios audiovisuais.
Nos últimos anos, a FIAT/IFTA conseguiu angariar mais de 150 membros adicionais oriundos de mais de 40 países, principalmente da Europa, Américas e Ásia.
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