O escritor moçambicano Mia Couto lança, esta segunda-feira na Fundação Fernando Leite Couto o seu mais recente livro” O Mapeador de Ausências”.
Patrocinado pelo Moza Banco, Mia Couto classificou o seu novo romance como uma homenagem à cidade da Beira, onde nasceu e viveu até aos 17 anos.
O acto acontece depois do primeiro lançamento, na cidade da Beira, no passado dia 28 de Outubro.
"É uma homenagem à cidade da Beira e não seria justo que eu começasse por lançar este livro fora da cidade que é a mãe desta história", disse
Mia Couto, Prémio literário Camões 2013, diz que este cruzamento entre os locais da sua vida e do lançamento da obra, têm muito a ver com o facto de o livro falar um pouco da sua história.
"É uma história que se desenvolve a partir da minha memória sobre a minha cidade", explicou, ao realçar a importância da urbe: "aqui me transformei num contador de histórias".
A obra é feita em forma de prosa e nela, o autor resgata e reinventa memórias, episódios que marcaram a sua vida e os “empresta” ao protagonista do romance, o poeta Diogo Santiago, que fala da sua infância e juventude.
No livro "O Mapeador de Ausências", o poeta desloca-se pela primeira vez em muitos anos à terra natal, nas vésperas do ciclone que a arrasou em 2019 - numa alusão ao Idai, que provocou 603 mortos e afectou a vida, até hoje, de dezenas de milhares de pessoas.
"Há um poeta que vem à procura da sua infância" e que "vai começar a perceber que aquilo que é presente para ele no sentido temporal, nasce da ausência de alguém", descreveu.
Na obra, Mia Couto recorda o pai - o jornalista e poeta Fernando Leite Couto - entre outras figuras que, apesar de ausentes, permanecem vivas nas suas memórias.
O autor diz que lança a obra numa altura em que o país é palco de outros confrontos armados, no centro e norte, apelando a que as histórias das vítimas não fiquem por contar.
"Acho importante que a informação", através dos órgãos de comunicação social, "transmita não só relatórios sobre as agressões, os ataques feitos por terroristas, mas construa a história das pessoas que estão a ser assassinadas", disse.
Autor de mais de 30 livros, Prémio Camões em 2013, Mia Couto regressa ao romance depois de ter publicado em 2019 a colectânea de textos de intervenção cívica "O Universo num Grão de Areia" e "O Terrorista Elegante", três novelas curtas escritas em parceria com o escritor angolano José Eduardo Agualusa.
"O Mapeador de Ausências" será publicado em Portugal em Novembro próximo, pela Editorial Caminho. (RM)
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