Os costa-marfinenses foram, este sábado, às urnas escolher o próximo chefe de Estado, numas eleições marcadas por múltiplos incidentes, especialmente nos bastiões da oposição, apesar do apelo à calma do Presidente Alassane Ouattara, que concorre a um terceiro mandato.
A oposição já descreveu as eleições como um "fracasso" e o antigo líder rebelde e ex-primeiro-ministro, Guillaume Soro, disse a partir do exílio na Europa que já não reconhece o Presidente Alassane Ouattara e pediu-lhe que se prepare para partir.
As mesas de voto começaram a fechar às 18:00 locais e a participação nas eleições será determinante para perceber se o apelo da oposição ao boicote foi seguido.
A Costa do Marfim tem cerca de 7,5 milhões de eleitores, para uma população de 25 milhões, que tinham de escolher entre quatro candidatos a Presidente, Alassane Ouattara, 78 anos, Henri Konan Bédié, de 86 e antigo presidente, Pascal Affi N´Guessan, 67 anos e antigo primeiro-ministro, e o independente Kouadio Konan Bertin, 51 anos.
O actual Presidente e candidato a novo mandato Alassane Ouattara, que procura uma vitória à primeira volta, mostrou-se confiante e falou de uma "dezena de incidentes", considerando que os costa-marfinenses saíram "em grande número para votar".
O responsável também apelou à calma e pediu o fim dos apelos à desobediência civil "que levaram à morte de homens", porque a Costa do Marfim "precisa de paz".
Denunciando a decisão de Alassane Ouattara de se voltar a candidatar após dois mandatos como "um golpe de Estado eleitoral", Henri Konan Bédié e Pascal Affi N´Guessan apelaram a um boicote às eleições, ainda que não tenham retirado as suas candidaturas, e a uma "desobediência civil".
"Este golpe de Estado eleitoral foi um fracasso. O povo costa-marfinense conseguiu derrotar esta eleição", disse o porta-voz da oposição Pascal Affi N´Guessan, em conferência de imprensa.
O responsável falou de "uma dúzia de mortes" em incidentes em todo o país, que não puderam ser confirmadas por fontes independentes.
Abidjan, a capital económica da Costa do Marfim, era, este sábado, quase uma cidade deserta, com ruas sem ninguém e lojas fechadas, mas a maioria das mesas de voto conseguiram funcionar sem problemas. Cerca de 35.000 membros das forças de segurança foram destacados para garantir a segurança das mesas de voto.
Desde Agosto, após o anúncio da candidatura de Alassane Ouattara, que morreram cerca de 30 pessoas em manifestações, que se transformaram em confrontos interétnicos.
De acordo com a agência de notícias France-Presse, registaram-se hoje bloqueios de estradas, urnas e material eleitoral saqueado e confrontos com a polícia, incidentes especialmente nas zonas da oposição.
Tal como na vizinha Guiné-Conacri, onde a reeleição do Presidente Alpha Condé para um terceiro contestado mandato causou agitação, a oposição costa-marfinense considera um terceiro mandato de Alassane Ouattara como "inconstitucional".
Nestas eleições milhares de pessoas saíram das cidades e regressaram às suas aldeias, temendo uma crise como a que aconteceu há 10 anos depois das eleições presidenciais de 2010. Na altura morreram 3.000 pessoas na sequência da recusa de Laurent Gbagbo, que estava no poder desde 2000, em admitir que fora derrotado por Alassane Ouattara. (RM NMinuto)
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