Mais de 2,1 milhões de pessoas foram vacinadas contra a cólera no Zimbabwe para travar o recente surto da doença registado em dez províncias do país, disse hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Em 03 de março de 2024, o país tinha registado mais de 27.055 casos suspeitos de cólera, mais de 71 mortes confirmadas em laboratório e 501 mortes suspeitas desde o início de 2023", de acordo com o comunicado.
A campanha de vacinação de dose única, destinada a todas as pessoas com mais de 1 ano de idade dos 26 distritos de alto risco de sete províncias, durou um mês e terminou em 22 de fevereiro em Harare.
No total, o Zimbabwe recebeu 2.303.248 doses de vacina em três lotes, o último recebido em 17 de fevereiro de 2024, para controlar o mais recente surto de cólera.
A organização supervisionou a campanha na região africana, com a primeira fase concluída nas províncias de Harare, Masvingo, Midlands e Mashonaland Central a alcançar "uma cobertura superior a 90%".
Para complementar os pontos fixos de vacinação, as equipas deslocaram-se porta a porta para evitar ajuntamentos e uma maior propagação da doença, conseguindo uma média de 150 pessoas vacinadas por dia.
O Governo, em colaboração a OMS, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e outros parceiros está a reforçar as medidas de controlo e prevenção da cólera, com a criação de centros de tratamento nos locais mais críticos, a divulgação de mensagens preventivas junto das populações mais vulneráveis e o acesso a água potável.
De acordo com o ministro da Saúde e dos Cuidados Infantis do Zimbabwe, Douglas Mombeshora, "foram abertos mais de 3.000 furos nas zonas rurais e serão canalizados mais recursos e esforços" para prevenir e controlar as infeções, enquanto os serviços de saneamento e higiene estão a ser melhorados.
"Temos estado a mobilizar as nossas comunidades e, para nós, tem sido fácil porque as pessoas viram como a cólera pode ser devastadora", afirmou um agente comunitário de saúde no distrito de Kuwadzana, em Harare, Shylet Maravanyika.
Maravanyika acrescentou ainda que a maioria da população "está a apressar-se a ser vacinada" devido às campanhas de sensibilização.
Esta infeção aguda, "extremamente virulenta" que causa desidratação e se propaga rapidamente, regista elevadas taxas de incidência e mortalidade, é tratável através da administração imediata de uma solução de reidratação oral [soro] ou de fluidos intravenosos.
"Embora as vacinas orais contra a cólera sejam uma componente crítica na resposta, é importante salientar que a cólera aumenta onde o saneamento e a água potável são escassos ou inadequados", alertou o representante interino da OMS no Zimbabwe, Jean-Marie Dangou, afirmando que "é uma doença da desigualdade".
A cólera é "um problema de saúde e um desafio de desenvolvimento socioeconómico", cuja solução para controlar a longo prazo a propagação passa por acesso universal a água potável e ao saneamento básico. (RM-NM)
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