Os representantes das Nações Unidas (ONU) saudaram a abertura de um corredor marítimo para Gaza, mas destacaram a importância das rotas terrestres para uma prestação de ajuda em grande escala ao enclave.
Num comunicado conjunto, a coordenadora da ONU para a reconstrução de Gaza, Sigrid Kaag, e o diretor executivo do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), Jorge Moreira da Silva, saudaram a abertura do corredor marítimo para prestar a "tão necessária assistência humanitária adicional por via marítima" ao enclave palestiniano e elogiaram a liderança do Chipre nessa iniciativa, assim como o apoio prestado pela Comissão Europeia, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos.
Contudo, para a prestação de ajuda em grande escala, "não há substituto significativo para as muitas rotas terrestres e pontos de entrada de Israel para Gaza", salientaram os dois representantes, acrescentando que as rotas terrestres do Egito, de Rafah em particular, e da Jordânia "também continuam a ser essenciais para o esforço humanitário global".
"O corredor marítimo traz, no entanto, a adicionalidade necessária e faz parte de uma resposta humanitária sustentada para fornecer ajuda tão eficazmente quanto possível através de todas as rotas possíveis", defenderam.
Segundo o comunicado, uma equipa técnica conjunta dos gabinetes de Moreira da Silva e de Sigrid Kaag estão atualmente no Chipre a trabalhar com autoridades nacionais e parceiros, de acordo com o novo Mecanismo da ONU para Gaza estabelecido ao abrigo de uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança.
Um navio com 200 toneladas de ajuda humanitária partiu hoje do porto cipriota de Larnaca, sendo este carregamento um teste para a abertura de um corredor marítimo para fornecer ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde a fome se espalha cinco meses após o início da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas.
As organizações dizem que é quase impossível entregar ajuda em grande parte do território devido às restrições israelitas, às hostilidades em curso e ao colapso da lei e da ordem, depois de a força policial dirigida pelo Hamas ter desaparecido em grande parte das ruas.
Não está ainda claro quão eficazes serão as entregas marítimas na resposta à catástrofe humanitária, uma vez que ainda haverá dificuldades na entrega da ajuda quando esta estiver dentro de Gaza.
A guerra já matou mais de 30 mil palestinianos e expulsou cerca de 80% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza das suas casas.
A ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza provocou mais de 31.100 mortos em cinco meses, segundo as autoridades do governo do Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.
Israel declarou guerra ao Hamas depois de ter sofrido um ataque sem precedentes em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, de acordo com as autoridades israelitas. (RM-NM)
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