O director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC) alertou esta quinta-feira para a necessidade de serem mantidas as medidas de controlo, mesmo havendo "sinais encorajadores" sobre uma vacina.
"As notícias sobre a vacina são positivas e encorajadoras, mas demora tempo e precisamos de continuar a implementar as medidas defendidas pelo África CDC e pela Organização Mundial de Saúde, a vacina não é uma bala mágica que vai curar tudo", alertou John Nkengasong, durante a conferência de imprensa semanal em formato virtual desde Adis Abeba.
Para o responsável, a segunda vaga da pandemia está a manifestar-se de forma clara em África e por isso é preciso continuar as medidas de distanciamento, utilização de máscara e rastreio dos contágios, que aumentaram 7,5% em média nas últimas quatro semanas.
"O que estamos a prever com as organizações internacionais, nomeadamente a Aliança Global para as Vacinas (GAVI), é que vamos ter as doses necessárias para cobrir 20% da população, mas consideramos que seria preciso vacinar 60% da população para conseguir atingir a chamada imunidade de grupo", apontou John Nkengasong.
Os 20% da população africana que receberão a vacina em primeiro lugar serão os profissionais de saúde, os idosos e as pessoas que já têm uma doença considerada grave, disse o director do África CDC, salientando que "o objectivo do programa de vacinação que está a ser preparado é tratar das pessoas mais vulneráveis".
Para cobrir a diferença necessária para a vacinação de 60% da população, John Nkengasong disse que o Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank) está a preparar a emissão de títulos de dívida especificamente para financiar a vacinação.
"O Afreximbank diz-nos que se conseguir emitir 1,8 mil milhões de dólares em títulos para vacinas pode alavancar esse investimento para 5 mil milhões de dólares e isso será direccionado para os custos de produção e distribuição da vacina", disse.
Relativamente à evolução dos contágios no continente, o África CDC contabilizou um aumento médio de 7,5% entre 12 de Outubro e 08 de Novembro, vincando que o maior número de novos casos por milhão de habitantes registou-se em Marrocos, Líbia, Tunísia, Cabo Verde e Botsuana.
Sobre a taxa de fatalidade, Nkengasong elencou o Sudão, Saara Ocidental, Egipto, Libéria e Níger como os países com maiores taxas, todos acima de 5%.
Com 19 milhões de testes já feitos, o África CDC registou um aumento de 7,5% nas últimas semanas, salientando que a África do Sul, Marrocos, Etiópia, Egipto, Quénia, Nigéria, Camarões, Ruanda, Uganda e Gana representam mais de 70% do total.
Em África, há 46.272 mortos confirmados em mais de 1,9 milhões de infectados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.275.113 mortos em mais de 51,5 milhões de casos de infecção, em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China. (RM-NM)
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