O procurador do Tribunal Internacional (TPI) pediu a emissão de mandados de captura para três dirigentes do Hamas, por presumíveis crimes de guerra e contra a humanidade cometidos desde o ataque do movimento islamita palestiniano em Israel em 2023.
Eis os perfis dos três dirigentes alvo do procurador do TPI:
Ismail Haniyeh, o líder político
Actualmente com 60 anos, foi eleito chefe do gabinete político do Hamas em 2017 para suceder a Khaled Mechaal, mas tornou-se conhecido em 2006 ao tornar-se primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana após a surpreendente vitória do seu movimento nas legislativas.
No entanto, a coabitação com a Fatah, partido do presidente Mahmoud Abbas, foi de curta duração. O Hamas afastou pela força a organização rival da Faixa de Gaza em 2007, dois anos após a retirada unilateral de Israel deste território que ocupava.
Haniyeh, que vive em exílio voluntário entre o Qatar e a Turquia, pretende desde há muito conciliar a resistência armada e combate político no interior do movimento, considerado "terrorista" pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel.
Conhecido pela sua calma e discurso pausado, Haniyeh mantém boas relações com os chefes dos diversos movimentos palestinianos, incluindo os rivais.
Esteve detido por várias vezes nas prisões israelitas e foi expulso por seis meses para o sul do Líbano.
Em imagens difundidas pelos 'media' do Hamas pouco após o início do ataque de 07 de Outubro, Haniyeh surge no seu gabinete em Doha a discutir em tom jubilatório com outros chefes do Hamas, e observa uma reportagem de uma televisão árabe mostrando comandos do Hamas a apoderarem-se de jipes do Exército israelita.
Após mais de sete meses de guerra que deixaram em ruínas a Faixa de Gaza, Haniyeh insistiu por diversas vezes que a libertação dos reféns estava dependente de um fim definitivo dos combates.
Mohammed Deif, o "chefe de estado-maior"
Chefe das Brigadas Ezzedine al-Qassam, o ramo militar do Hamas, foi designado para anunciar num registo difundido pelo movimento, na manhã de 07 de Outubro, o início da operação "Dilúvio de Al-Aqsa".
Neste registo, ilustrado por uma foto de Mohammed Deif na penumbra, para que não seja identificado, anuncia que "as posições e as fortificações do inimigo foram visadas por 5.000 lança-foguetes e obuses durante os 20 primeiros minutos" do ataque.
O ataque provocou 1.170 mortos, incluindo cerca de 450 polícias e militares, segundo um balanço da agência noticiosa AFP a partir de dados oficiais israelitas. O Hamas fez 252 reféns.
Apresentado pelo Hamas como "chefe do estado-maior da resistência", desde há vários anos que constitui um alvo para Israel. Escapou pelo menos a seis tentativas de eliminação conhecidas.
A mais recente ocorreu em 2014, quando um raide aéreo israelita na Faixa de Gaza matou a sua mulher e um dos seus filhos.
Desde há cerca de 30 anos que este homem, nascido em 1965 no campo de refugiados de Khan Younes (sul da Faixa de Gaza) é relacionado com os golpes mais duros infligidos a Israel: sequestro de soldados, atentados suicidas, disparos de lança-foguetes.
Designado em 2002 para a liderança do braço armado do Hamas, após a morte do seu antecessor Salah Shehade, morto num raide israelita, Mohammed Deif tem uma longa história militante e clandestina iniciada na década de 1980.
Em 2000, no início da Segunda Intifada nos territórios palestinianos contra a ocupação israelita, escapou, ou foi libertado, de uma prisão da Autoridade Palestiniana de Yasser Arafat, no que também constitui um golpe para Israel, que temporariamente lhe perdeu o rasto.
Logo após a sua designação para o comando das Brigadas Al-Qassam, foi alvo de uma tentativa de eliminação por Israel e terá sido gravemente ferido, com informações não confirmadas sobre uma paraplegia.
Entre os seus inimigos é conhecido pelo "gato de sete vidas" enquanto os palestinianos o definem como uma figura lendária, pela sua coragem e audácia no combate contra Israel, e pelo mistério que o envolve.
Em 2015 as autoridades dos Estados Unidos incluíram-no na lista de "terroristas internacionais".
Yahya Sinwar, o homem forte de Gaza
Eleito em Fevereiro de 2017 para a liderança do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Sinwar, proveniente da ala militar do movimento, inclui-se entre os apoiantes de uma "linha dura".
Com 61 anos, passou 23 anos nas prisões israelitas antes de ser libertado em 2011 numa troca e prisioneiros.
Em 1987, quando eclode a Primeira Intifada num campo de refugiados no norte a Faixa de Gaza, o natural de Khan Younis junta-se ao Hamas que acabava de ser fundado.
De seguida está envolvido na criação do Majd, o serviço de segurança interna do Hamas.
Antigo comandante de elite nas Brigadas Al-Qassam, procurado por Israel e também incluído pelos norte-americanos na sua lista de "terroristas internacionais", Yahya Sinwar move-se no maior segredo e não surge em público desde 07 de Outubro.
Em Fevereiro, o Exército israelita difundiu um vídeo onde garantia que o chefe do Hamas tinha sido detectado num túnel, com uma mulher e três crianças. (RM-NM)
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