A União Europeia disse hoje estar "chocada com as informações credíveis de mais um massacre sem sentido" alegadamente cometido pelas Forças de Apoio Rápido no Sudão, que terá vitimado mais de 100 pessoas numa aldeia.
Em comunicado, o Alto-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, referiu que os 27 "estão chocados com as informações credíveis de mais um massacre sem sentido a 100 aldeões indefesos, cometido pelas Forças de Apoio Rápido em Wad al-Noura, na província de Al-Jazira".
Josep Borrell alegou que a UE está a tentar monitorizar a situação no Sudão, em cooperação com as Nações Unidas, para identificar violações dos direitos humanos no último ano "para assegurar que os responsáveis por estes crimes são totalmente responsabilizados".
"Mais uma vez, a União Europeia exige o fim imediato das hostilidades e o acesso total ao apoio humanitário. O respeito pela lei internacional e a protecção de civis têm de ser cumpridos", acrescentou o chefe da diplomacia europeia.
Cerca de 100 pessoas morreram num ataque duplo com artilharia pesada das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), que lutam contra o exército sudanês, a uma aldeia no centro do Sudão, denunciou quinta-feira uma organização local de defesa.
Segundo a organização local denominada de Comité da Resistência, que gere a entreajuda entre os habitantes, ainda se "aguarda a confirmação do número de mortos e feridos" em Wad al-Noura, uma aldeia do estado de al-Jazira, onde os paramilitares "atacaram a aldeia duas vezes" na quarta-feira.
Nas redes sociais, os activistas do comité publicaram imagens do que descreveram como uma "vala comum" numa praça pública, com filas de mortalhas brancas dispostas num pátio.
Os paramilitares das RSF afirmaram, em comunicado divulgado quinta-feira, negaram ser os autores do massacre, tendo, contudo, admitido ter atacado três campos do exército nessa mesma região de Wad al-Noura e ter entrado em confronto com os seus rivais.
A guerra no Sudão, que eclodiu em Abril de 2023, já causou mais de 30.000 mortos, segundo dados da União Médica Sudanesa.
Uma actualização da Organização Internacional para as Migrações (OIM), divulgada quinta-feira, indica que já são quase dez milhões, as pessoas deslocadas devido à guerra, naquela que é já considerada a pior crise de deslocação interna do mundo.
A agência das Nações Unidas dá conta de que há 9,9 milhões de pessoas deslocadas em 18 estados do país, incluindo 7,1 milhões desde o início do conflito e 2,8 milhões deslocados anteriormente. Mais de metade destas pessoas são mulheres e mais de um quarto são crianças com menos de cinco anos.
"Imaginem uma cidade na City de Londres a ser deslocada. É o que parece, mas acontece com a ameaça constante de fogo cruzado, fome, doenças e violência brutal baseada na etnia e no género", afirmou a Directora-geral da OIM, Amy Pope, que referiu que as necessidades humanitárias no país 'são enormes, graves e imediatas'.
Pope lamentou, ainda, que "apenas 19% dos fundos solicitados tenham sido entregues" e sublinhou que "são necessários esforços internacionais unificados para evitar a fome" no país, de onde mais de dois milhões de pessoas fugiram para o Chade, Egipto e Sudão do Sul.
O conflito no país, com cerca de 50 milhões de habitantes, centrou-se nas últimas semanas na cidade de Al Fasher, capital do Darfur do Norte, onde cerca de 800 mil civis continuam encurralados no meio de intensos combates entre o exército e o RSF, que impôs um cerco à cidade.
A guerra no Sudão, que eclodiu em Abril de 2023, já causou mais de 30.000 mortos, segundo dados da União Médica Sudanesa, e perto de 10 milhões de pessoas deslocadas, incluindo quase dois milhões de refugiados. (RM-NM)
Bem-vindo ao nosso Centro de Subscrição de Newsletters Informativos. Subscreva no formulário abaixo para receber as últimas notícias e actualizações da Rádio Moçambique.