A Rússia e a Coreia do Norte comprometeram-se hoje a combater em conjunto a hegemonia dos Estados Unidos, depois de terem assinado um tratado que prevê a assistência mútua em caso de agressão.
"Hoje, lutamos juntos contra as práticas hegemónicas e neocoloniais dos Estados Unidos e dos seus satélites", proclamou o Presidente russo, Vladimir Putin, durante uma gala organizada por ocasião da sua visita a Pyongyang.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, disse que o tratado assinado com Putin garantirá a paz na região, noticiaram os meios de comunicação social russos, citados pela agência francesa AFP.
"O Tratado de Parceria Estratégica Global (...) garantirá de forma fiável a aliança entre a Coreia do Norte e a Rússia durante um século e contribuirá plenamente para manter a paz e a estabilidade na região", afirmou.
Poucas horas antes, os dois líderes hostilizados pelo Ocidente assinaram um tratado de parceria estratégica, com Putin a indicar claramente que estava a formar uma aliança contra os Estados Unidos.
Os pormenores não foram divulgados de imediato, mas o tratado poderá marcar a ligação mais forte entre Moscovo e Pyongyang desde o fim da Guerra Fria, segundo a agência norte-americana AP.
Putin e Kim descreveram o acordo como uma importante actualização das relações entre os dois países, que abrangem a segurança, o comércio, o investimento e os laços culturais e humanitários.
A cimeira entre Kim e Putin realizou-se num momento de preocupação no Ocidente com o fornecimento por Pyongyang de munições a Moscovo para a guerra contra a Ucrânia.
O Departamento de Estado norte-americano disse na terça-feira que a Coreia do Norte transferiu ilegalmente, nos últimos meses, "dezenas de mísseis balísticos e mais de 11.000 contentores de munições para ajudar o esforço de guerra da Rússia".
Putin, que visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 24 anos, agradeceu a Kim o apoio na questão da Ucrânia, descrevendo-o como uma "posição equilibrada".
"Estamos gratos aos dirigentes e ao povo da República Popular Democrática da Coreia pela situação na Ucrânia", afirmou o líder russo, usando o nome oficial da Coreia do Norte.
Em troca do apoio norte-coreano, Moscovo presta assistência económica e tecnológica a Pyongyang que o Ocidente receia que possa aumentar a ameaça representada pelo programa de armas nucleares e mísseis de Kim Jong-un.
Moscovo e Pyongyang são aliados desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), mas tornaram-se mais próximos desde a operação militar russa lançada na Ucrânia em Fevereiro de 2022.
Depois da Coreia do Norte, Putin vai visitar o Vietname, onde deverá chegar ainda hoje, outro aliado da Rússia desde a era soviética.
De acordo com a imprensa estatal vietnamita, Putin será recebido na quinta-feira no Palácio Presidencial pelas principais autoridades do país, incluindo o secretário-geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong.
O Presidente vietnamita, To Lam, afirmou numa reunião na segunda-feira com o embaixador russo Gennady Bezdetko que a visita de Putin é um "marco importante".
Disse também que o Vietname considera a Rússia como uma das prioridades da política externa do país do Sudeste Asiático, segundo o jornal vietnamita Tuoi Tre, citado pela agência espanhola EFE.
Putin fez uma visita de Estado ao Vietname pela última vez em 2013, embora tenha estado no país em 2017 para a cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico, realizada na cidade costeira de Danang.(RM-NM)
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