Clínica de Metadona de Mavalane pronta para entrar em funcionamento

Publicado: 18/07/2024, 20:16
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O projecto de expansão de novas clínicas para o tratamento com metadona para pacientes que usam ou injectam drogas está quase se tornando uma realidade. Conforme garantiu esta terça-feira, a médica da Clínica Apto, Sara Silambo, uma das quatro clínicas previstas para sua abertura ainda este ano, já está pronta para iniciar com as actividades, sendo que para tal, se espera apenas pelo aval do Ministério da Saúde (MISAU).  

Trata-se da Clínica a funcionar no Hospital Geral de Mavalane, na cidade de Maputo, cujas infra-estruturas, os recursos humanos e a montagem de todo o equipamento já se encontram finalizados, segundo afirmou a médica.

Sara Silambo deu esta garantia durante o Webinar de socialização, partilha de resultados e experiências das acções desenvolvidas com jornalistas e rádios comunitárias no âmbito da prevenção do HIV e redução de danos.

Disse, no encontro organizado pelo Observatório Cidadão para Saúde (OCS), que a abertura das chamadas novas portas de tratamento, irá aumentar os espaços para atender a actual demanda de pacientes que usam ou injectam drogas a nível do país e que queiram deixar o vício. 

“Tivemos o atraso na abertura das novas portas, mas este problema está a ser colmatado. Temos a clínica do Hospital Geral de Mavalane, cujas obras já terminaram. A clínica já foi montada, já foram contratados os recursos humanos, nomeadamente um médico, conselheiros, enfermeiros e técnicos de farmácia para trabalharem na clínica. Neste momento, nós estamos a espera apenas do aval do MISAU que é para as actividades iniciarem”, explicou.

Relativamente a clínica localizada em Nampula, fez saber Silambo que também as obras já terminaram, faltando por finalizar, as outras duas clínicas localizadas, uma na Beira e outra no Hospital Provincial de Maputo.

Falando da situação actual, fez saber que a Clínica Apto, a única em funcionamento no Centro de Saúde de Alto Maé, na capital do país, conta actualmente com 206 pacientes activos, que tomam metadona todos os dias.

“De referir que a Clínica tem uma capacidade instalada para atender 200 pacientes. Estamos agora com 206 pacientes porque atendemos algumas situações particulares, como é o caso de grávidas e pacientes em tratamento da tuberculose multi-droga resistente. Actualmente temos três mulheres grávidas e três doentes a fazerem tratamento da tuberculose”, vincou.

Informou, por outro lado, que desde a sua inauguração, em Fevereiro de 2020, a clínica já atendeu mais de 370 pacientes.

“As inscrições para a lista de interessados em tratamento também pararam em Maio de 2021, com mais de 2.000 pacientes aguardando uma oportunidade para iniciar o tratamento”, referiu.

Uma vez que o tratamento com metadona é a longo prazo, a possibilidade de integrar outros beneficiários só é possível no caso de houver alguma desistência dos pacientes em tratamento ou então acontecer a expansão das clínicas para que mais pessoas beneficiem do tratamento.

É nesta senda que o OCS, com o apoio da REPSI está a advocar para que mais portas sejam abertas a nível do país, uma vez que há muitas pessoas que usam drogas e que gostariam de entrar no tratamento.

De lembrar que a Metadona é um medicamento da família dos opióides, usado para tratar a toxicodependência a heroína. O tratamento de manutenção é uma intervenção baseada em evidências para pessoas dependentes de heroína que substitui o uso ilícito, por medicamentos prescritos por médicos e administrados por via oral, como a metadona.

Em suma, a metadona reduz e trata os sintomas de ressaca de heroína e também diminui os efeitos eufóricos de outros narcóticos.

Tem como objectivos, reduzir ou interromper a injecção do comportamento e risco associado à transmissão de vírus transmitidos pelo sangue, como é o caso do HIV e as hepatites.

Visa, igualmente, reduzir o risco de overdose, da actividade criminosa, melhoria da saúde psicológica, emocional e física, engajamento nas medidas de redução de danos, diminuição da mortalidade e morbilidade, assim como a diminuição dos custos sociais associados ao uso ilícito de drogas.

Num outro desenvolvimento, Silambo disse que persistem como desafios, a falta de informação e desinformação sobre a redução de danos e metadona e os benefícios para a comunidade em todos os níveis (justiça, polícia, nível político, profissionais de saúde).

Falou, igualmente, da falta de profissionais qualificados para trabalhar com pessoas que usam drogas, nomeadamente de médicos, enfermeiros, psicólogos e conselheiros.

Por seu turno, Adérito Tenhane, da UNIDOS, afirmou que a questão das drogas é um problema que afectas a todos, sem excepção, uma vez que as pessoas que usam drogas, muita das vezes são estigmatizadas e acusadas de serem criminosos, quando se calhar não cometeram nenhum crime.

Reforça a questão de haver necessidade de se tratar um usuário de droga com dignidade e humanismo como qualquer outra pessoa e a urgência de se definir uma lei que diferencie um consumidor e um vendedor de drogas, alegando que este último pode ser considerado criminoso, enquanto o consumidor não, mas sim é uma vítima.

Por sua vez, António Mate, coordenador do pilar de participação pública no Observatório Cidadão para Saúde, salientou que o evento tinha como objectivo informar ao jornalistas e agentes das rádios comunitárias sobre as acções de advocacia levadas a cabo no contexto das novas tecnologias de prevenção ao HIV, com enfoque na terapia de metadona e redução de danos no primeiro semestre de 2024.

Mas também, pretendia-se garantir e fomentar mais engajamento com os órgãos de comunicação social, para que eles estejam mais informados, e acima de tudo mais comprometidos de ponto de vista de responsabilidade em relação a esta temática considerada um problema de saúde pública que o país se debate.

“Nós sabemos que tanto as organizações da sociedade civil, assim como os jornalistas somos todos advogados do cidadão e fazemos essa advocacia no acesso aos serviços de saúde olhando para este grupo da população chave, que são as pessoas que usam ou injectam drogas”, salientou.

Acrescentou que “também pretendemos criar mais actualizações e garantir a capacidade dos jornalistas em matéria de produção de artigos com base em evidências. Pretendemos que eles tenham esta capacidade de fazer uma réplica nos espaços onde se discutem assuntos sobre a saúde, relativamente a esta questão da metadona, mas também do acesso aos serviços de saúde a este grupo de população, uma vez que muitas vezes é marginalizada por causa desta sua vulnerabilidade”. (RM)

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