O secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, Nguyen Phu Trong, considerado o dirigente mais poderoso do país e no poder desde 2011, morreu aos 80 anos vítima de doença, anunciou hoje o partido em comunicado, citado pelos 'media' estatais.
"Osecretário-geral do Comité Central do Partido, Nguyen Phu Trong, morreu no dia 19 de julho de 2024, no Hospital Militar Central 108, devido à idade avançada e a uma doença grave", publicou o jornal Nhan Dan, em Hanói.
Os meios de comunicação oficiais informaram que seria realizado um funeral de Estado.
Trong dominava a política vietnamita desde 2011, quando foi eleito chefe do partido.
Durante o mandato, o político trabalhou para consolidar o poder do Partido Comunista no sistema político de partido único em vigor no Vietname.
Na década que antecedeu à sua eleição para o cargo mais importante da política vietnamita, o equilíbrio do poder tinha-se deslocado para a ala governamental liderada pelo então primeiro-ministro Nguyen Tan Dung.
Nascido em 1944 em Hanói, Trong era um ideólogo marxista-leninista que se licenciou em filosofia antes de se tornar membro do Partido Comunista aos 22 anos de idade.
Considerava a corrupção como a maior ameaça à manutenção da legitimidade do partido.
"Um país sem disciplina seria caótico e instável", afirmou Trong em 2016, depois de ter sido reeleito para a liderança do partido.
Oficialmente, o Vietname não tem um líder máximo, mas o chefe do Partido Comunista é tradicionalmente visto como a mais poderosa figura política.
O dirigente lançou uma vasta campanha anticorrupção que atingiu as elites empresariais e políticas do país, sendo que desde 2016 milhares de funcionários do partido foram alvo de sanções disciplinares.
Entre os mais atingidos pelas medidas, contam-se os antigos presidentes Nguyen Xuan Phuc e Vo Van Thuong e o antigo chefe do parlamento, Vuong Dinh Hue.
No total, oito membros do poderoso Politburo (órgão executivo do partido) foram destituídos por alegações de corrupção.
Trong estudou na antiga União Soviética entre 1981 e 1983 e especulou-se que o Vietname assumiria uma posição de proximidade com a Rússia e a República Popular da China sob a sua liderança.
No entanto, o país seguiu uma política pragmática que ficou conhecida como "diplomacia do bambu", uma frase que o próprio Nguyen Phu Trong proclamou e que se refere à flexibilidade da planta, que se dobra mas não se quebra "perante os ventos contrários da geopolítica".
O Vietname manteve os laços tradicionais com a República Popular da China, disputando diferenças de soberania no Mar do Sul da China, mas também se aproximou dos Estados Unidos, estreitando os laços com o antigo inimigo.
O Presidente do Vietname, To Lam, foi nomeado chefe de Estado interino enquanto Trong recebia tratamento por doença.
Na qualidade de principal responsável pela segurança do Vietname, Lam liderou a campanha anticorrupção até se tornar Presidente em maio, quando o antecessor se demitiu depois de ter sido referenciado em investigações.
O Politburo do partido pediu a Lam para "presidir ao trabalho do Comité Central do Partido, do Politburo e do Secretariado", de acordo com uma declaração do gabinete central.
Os rumores sobre a frágil saúde do dirigente intensificaram-se nos principais círculos políticos vietnamitas desde que foi hospitalizado pela primeira vez em 2019 e, mais recentemente, quando pareceu visivelmente fragilizado durante um encontro com o Presidente russo, Vladimir Putin, que visitou o Vietname em junho passado. (RM-NM)
Bem-vindo ao nosso Centro de Subscrição de Newsletters Informativos. Subscreva no formulário abaixo para receber as últimas notícias e actualizações da Rádio Moçambique.