O Presidente brasileiro apelou hoje aos chefes de Estado e Governo dos países desenvolvidos do G20 que "antecipem metas de neutralidade climática"
"Aos membros desenvolvidos do G20, proponho que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045", disse Lula da Silva na abertura do segundo e último dia da cimeira do G20, que decorre na cidade brasileira do Rio de Janeiro.
"Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais", frisou.
Ao lançar o debate sobre a transição energética e o desenvolvimento sustentável, temas sobre os quais anunciaram vários compromissos na declaração final divulgada na véspera, Lula de Silva apelou - ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres - aos lideres mundiais ali presentes que elevem o nível de ambição de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês).
"É fundamental que as novas NDC estejam alinhadas à meta de limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio", sublinhou, referindo-se à a contribuição a que cada país se propõe para baixar as emissões de GEE (Gases com Efeito de Estufa).
"Não há mais tempo a perder", sublinhou o líder brasileiro, país que vai acolher a próxima COP, em 2025, na cidade amazónica de Belém.
Sobre a COP29, a decorrer em Baku, Lula da Silva frisou que os líderes mundiais não podem "adiar para Belém a tarefa de Baku".
O líder brasileiro agradeceu a colaboração do G20 no investimento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que vai remunerar países em desenvolvimento que mantêm as florestas em pé.
"A maior parte da redução das nossas emissões virá da queda no desmatamento, que diminuiu 45% nos últimos dois anos", frisou o chefe de Estado brasileiro, ressalvando, contudo, que mesmo que não derrube mais nenhuma árvore, "a Amazónia continuará ameaçada se o resto do mundo não cumprir a missão de conter o aquecimento global".
"Queremos que o mundo reconheça o papel desempenhado pelas florestas e que valorize a contribuição dos povos indígenas e comunidades tradicionais", disse.
Os líderes de Governo e chefes de Estado do grupo G20 prometeram unir esforços em prol de uma "mobilização global contra as alterações climáticas".
"Reconhecendo que a totalidade dos nossos esforços será mais poderosa do que a soma das suas partes, nós cooperaremos e uniremos esforços para uma mobilização global contra as alterações climáticas", lê-se na declaração final do grupo das 20 maiores economias do mundo, no qual este ano Portugal participa a convite do Brasil.
Na declaração final, que era esperada apenas para hoje à tarde, último dia da cimeira realizada na cidade brasileira do Rio de Janeiro, os líderes mostram-se "determinados a liderar ações ambiciosas, oportunas e estruturais em nossas economias nacionais e no sistema financeiro internacional com o objetivo de acelerar e ampliar a ação climática".
Na declaração menciona-se ainda que os países vão-se encorajar mutuamente para com o objetivo de "emissões líquidas zero de GEE/neutralidade climática levando em consideração o Acordo de Paris", mas também as "diferentes circunstâncias, caminhos e abordagens nacionais".
Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, no Rio de Janeiro encontram-se representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal - país convidado pelo Brasil -, representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representado pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
O G20 é constituído pelas principais economias do mundo. A presidência do Brasil termina no final do mês, passando em dezembro para a África do Sul. (RM-NM)
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