A 16.ª Conferência da ONU sobre desertificação, COP16, começou hoje em Riade, Arábia Saudita, enfatizando a ligação entre a desertificação, o ambiente e o clima.
Na abertura da 16.ª reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Combate à Desertificação (UNCCD) Ibrahim Thiaw, secretário executivo da organização, apelou para "uma abordagem global que tenha em conta as ligações estreitas entre a desertificação, a perda de biodiversidade e as alterações climáticas".
A COP16 decorre até 13 de Dezembro, numa altura em que especialistas alertaram para as graves consequências da desflorestação e da agricultura intensiva. A reunião já foi descrita pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, como um "momento decisivo" na luta contra a seca e o avanço dos desertos.
A última COP sobre desertificação, na Costa do Marfim em 2022, resultou no compromisso de "acelerar a restauração de mil milhões de hectares de terras degradadas", danificadas por actividades humanas como a poluição ou a desflorestação, até 2030.
Mas a UNCCD, que reúne 196 países e a União Europeia, estima agora que é necessário restaurar 1,5 mil milhões de hectares até ao final da década, um desafio colossal à escala global.
"Já perdemos 40% da nossa terra e do nosso solo", e esta perda está a ter um impacto na segurança alimentar e na migração, afirmou Ibrahim Thiaw.
Portugal está representado na COP16 pelo secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, no segmento de alto nível, e nas reuniões técnicas por delegados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
"Desde 2007 que Portugal não se fazia representar na COP da UNCCD através de um Membro do Governo, o que demonstra a importância do tema da desertificação no contexto actual", diz o Ministério do Ambiente e Energia em comunicado divulgado hoje.
A COP16, sob o tema "Nossa Terra, Nosso Futuro", dá ênfase à importância vital da terra para a humanidade e para o planeta e destaca a importância de restaurar terras degradadas, aumentar a resiliência à seca, garantir que a terra continue a fornecer soluções para o clima e para a biodiversidade, e aumentar a resiliência às tempestades de areia e poeiras, destaca ainda o Governo português.
Na União Europeia, 13 dos 27 Estados-membros já são afectados pela desertificação e seca - Portugal, Espanha, Eslovénia, Eslováquia, Itália, Malta, Chipre, Croácia, Grécia, Bulgária, Roménia, Hungria e Letónia.
Na véspera da abertura da COP16 um relatório publicado pela ONU alertou para o "fardo pesado" da agricultura para o planeta.
E num atlas mundial sobre a seca divulgado hoje a ONU diz que os recordes de seca no planeta estão a tornar-se um "novo normal". O ano de 2024, que deverá ser o mais quente alguma vez medido na Terra, tem sido marcado por várias secas devastadoras no Mediterrâneo, Equador, Brasil, Marrocos, Namíbia e Malawi, causando incêndios e escassez de água e alimentos.
As secas afectaram 1,84 mil milhões de pessoas em 2022 e 2023, das quais cerca de 85% vivem em países de baixo e médio rendimento, indica o atlas
E até 2050, três em cada quatro pessoas no mundo serão afectadas pelas secas.
No final de Novembro, a conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP29), realizada no Azerbaijão, terminou com o compromisso dos países ricos de pagarem 300 mil milhões de dólares até 2035 aos países menos desenvolvidos para o financiar medidas de acção climática, um montante considerado insuficiente pelos países pobres, que são também os mais vulneráveis às alterações climáticas.
No início de Novembro, na Colômbia, os participantes na COP16 Biodiversidade não conseguiram chegar a um acordo financeiro sobre a protecção da natureza.
E as negociações de uma semana em Busan, na Coreia do Sul, para chegar a um tratado global contra a poluição por plásticos fracassaram no domingo, perante a oposição de um grupo de países produtores de petróleo liderado pela Rússia, Arábia Saudita e Irão. (RM-NM)
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