A agência da ONU para Refugiados (ACNUR) disse hoje que o número de pessoas que fugiram da violência nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, na República Democrática do Congo (RDCongo), aumentou para 85 mil.
De acordo com a agência espanhola de notícias, a Efe, destas 85 mil pessoas que fugiram da violência resultante do conflito entre o exército e o grupo armado M23, cerca de 63 mil pessoas foram para o Burundi, que está a sofrer o maior afluxo de refugiados das últimas décadas e precisa urgentemente de mais ajuda para os acolher, disse a porta-voz regional do ACNUR, Faith Kasina, numa conferência de imprensa telefónica a partir da capital do Burundi, Bujumbura.
"Alguns dos que chegam passaram por viagens perigosas, incluindo mães que atravessaram o rio Rusizi, na fronteira entre o Burundi e a RDCongo com os seus filhos recém-nascidos nos braços, enquanto outros caminharam durante horas sem parar para descansar, com medo de serem apanhados nas hostilidades", disse a porta-voz regional do ACNUR.
Kasina disse que o fluxo de refugiados abrandou ligeiramente na última semana, mas centenas de pessoas, na sua maioria crianças, mulheres e idosos, continuam a entrar diariamente no país através de 11 postos fronteiriços, muitos deles não oficiais.
Muitos destes refugiados, explicou, tiveram de pagar somas avultadas pelo transporte até à fronteira, a preços até três vezes superiores aos praticados antes da espiral de violência.
Cerca de 45 mil refugiados foram alojados num estádio em Rugombo, uma cidade perto da fronteira, enquanto aguardavam por outro alojamento, mas mesmo essas instalações estão esgotadas e muitas pessoas têm de se instalar em campos abertos.
Outra área criada para os refugiados, o centro de Musenyi, no sul do país, pode acolher 10 mil pessoas, mas já está com 60% da capacidade ocupada, alertou o representante regional do ACNUR para a África Oriental e os Grandes Lagos.
O M23, que é apoiado pelo Ruanda - segundo a ONU e países como os Estados Unidos, Alemanha e França -, tomou no fim-de-semana de 15 e 16 de Fevereiro Bukavu, a capital estratégica da província de Kivu do Sul, vizinha da de Kivu do Norte, cuja capital, Goma, também ocupou em 27 de Janeiro.
Os rebeldes controlam agora as capitais destas duas províncias, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e o fabrico de telemóveis.
A actividade armada do M23 - constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 - recomeçou em Novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra o exército governamental no Kivu do Norte.
Desde então, o grupo avançou em várias frentes, fazendo temer uma possível guerra regional.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco). (RM-NM)
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