Cerca de 200 pessoas foram este ano mortas e 40.000 deslocadas no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo) pelo grupo Forças Democráticas Aliadas (FDA), denunciaram esta sexta-feira as Nações Unidas, preocupadas com o aumento alarmante do número de ataques.
"Desde Janeiro de 2021 que os ataques atribuídos ao grupo armado FDA já mataram quase 200 pessoas, feriram mais dezenas e deslocaram cerca de 40.000 pessoas dentro do território Beni, na província do Kivu Norte, bem como em aldeias vizinhas dentro da província de Ituri", disse Babar Baloch, um porta-voz do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), numa conferência de imprensa em Genebra.
"Em menos de três meses, o grupo armado da FDA terá efetuado ataques a 25 aldeias, queimado dezenas de casas e raptado mais de 70 pessoas. Estes números somam-se aos 465 congoleses massacrados em ataques atribuídos ao grupo armado FDA em 2020", acrescentou.
As FDA são originalmente rebeldes muçulmanos ugandeses que estão no leste da RDCongo desde 1995 e que se opõem ao regime de Yoweri Museveni.
Em 11 de Março, os Estados Unidos colocaram este grupo armado entre os "grupos terroristas" filiados ao grupo Estado Islâmico (EI).
São acusados de serem responsáveis pela morte de mais de mil civis desde Outubro de 2014 na região de Beni (no Kivu Norte) e arredores.
O ACNUR alerta para este "aumento alarmante do número de ataques levados a cabo" pelas FDA no nordeste da RDCongo.
De acordo com aquela agência da ONU, em Março os deslocados encontraram abrigo nas cidades de Oicha, Beni e Butembo, em território beni.
A maioria dos deslocados é composta por mulheres e crianças. Os homens ficam para trás para proteger os seus bens, expondo-se aos riscos de novos ataques.
Os deslocados vivem, segundo o ACNUR, "em condições terríveis", sem abrigo, comida, água ou cuidados de saúde. As famílias também carecem de artigos domésticos básicos, como cobertores, tapetes de dormir e utensílios de cozinha.
Antes desta última deslocação em massa, cerca de 100.000 pessoas deslocadas internamente na RDCongo já necessitavam de protecção e assistência em Beni, mas a falta de financiamento reduziu a capacidade do ACNUR para fornecer assistência humanitária, incluindo abrigo.
O ACNUR também denuncia os contínuos ataques generalizados e as violações dos direitos humanos noutras áreas da província do Kivu Norte.
"Os principais motivos para estes ataques são alegadamente represálias por grupos armados contra as operações militares, a busca de alimentos e medicamentos e acusações contra comunidades por partilharem informações sobre as posições do grupo armado FDA", refere. (RM-NM)
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