A Directora regional da Organização Mundial de Saúde para a África, Matshidiso Moeti, manifesta preocupação pela desigualdade de acesso aos cuidados de saúde entre as mulheres.
Em mensagem, por ocasião da celebração, esta quarta-feira, Dia 7 de Abril, do Dia Mundial da Saúde, a OMS pede a todos que participem na construção de um mundo mais justo e saudável.
A pandemia de COVID-19 veio realçar as desigualdades entre países. Num contexto de escassez de abastecimentos essenciais, os países africanos foram colocados no fim da fila em termos de acesso a kits de teste à COVID-19, a equipamento de protecção individual e, agora, a vacinas.
Dos 548 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 administradas em todo o mundo, apenas 11 milhões, ou 2%, foram realizadas em África, enquanto o continente representa cerca de 17% da população mundial.
Também existem desigualdades dentro dos países.
A discriminação em razão do género, do local de residência, do rendimento, do nível de escolaridade, da idade, da etnicidade e da deficiência prejudica as populações vulneráveis.
Dados recentes de 17 países africanos[1] revelam, por exemplo, que uma pessoa que concluiu o ensino secundário tem três vezes mais probabilidade de ter acesso a meios de contracepção do que alguém que não tenha frequentado a escola.
Por sua vez, as mulheres que se situam no quintil mais elevado de rendimento têm cinco vezes mais probabilidade de dar à luz os seus bebés numa unidade de saúde e de os vacinar com a BCG do que as mulheres pertencentes ao quintil mais baixo.
De forma a inverter esta tendência, precisamos de agir em relação aos determinantes sociais e económicos da saúde, levando a cabo uma acção multissectorial para melhorar as condições de vida e de trabalho, e o acesso à educação das populações, sobretudo dos grupos mais marginalizados.
As comunidades devem ser envolvidas nesta iniciativa como parceiros, recorrendo nomeadamente às suas redes e associações para definir e implementar intervenções de saúde e de desenvolvimento.
Um dos principais desafios encontrados na luta contra as desigualdades é o facto de existirem dados limitados sobre a matéria que permitam determinar as populações que não estão a ser abrangidas pelas iniciativas e os motivos por trás desta falha.
Para colmatar estas lacunas, os sistemas nacionais de informação sanitária precisam de recolher dados estratificados por idade, sexo e equidade. Estas informações poderão, em seguida, ser usadas para orientar a tomada de decisões e a formulação de políticas.
A OMS está a colaborar com os países de forma a reforçar as capacidades de recolha, gestão e exploração dos dados e para melhorar a monitorização e as acções levadas a cabo para combater as desigualdades evitáveis.
No ano transacto, divulgámos orientações técnicas sobre género, equidade e a COVID-19 e formámos 30 equipas nacionais[2] em programas integrados para a promoção da igualdade de género e da equidade na saúde. As equipas estão a pôr em prática as competências que adquiriram para promover uma maior equidade na saúde e lutar contra a violência de género no contexto da COVID-19.
São também necessários investimentos de modo a acelerar os progressos realizados na implementação da cobertura universal de saúde, proteger as pessoas contra dificuldades financeiras que dificultam o acesso aos cuidados de que necessitam e melhorar a cobertura dos serviços.
A maioria dos países africanos iniciou reformas nestas áreas, com a esperança de que estas iniciativas possam, por sua vez, contribuir para a construção de sistemas de saúde e sociedades mais resilientes.
Os líderes devem, num espírito de solidariedade internacional, trabalhar em conjunto no futuro para combater as desigualdades dentro e fora das suas fronteiras.
Mais concretamente, no que diz respeito às vacinas contra a COVID-19, incentivamos veementemente as empresas farmacêuticas a reforçarem as suas capacidades de produção para ultrapassar a actual escassez observada em termos de abastecimento.
Apelamos igualmente aos países ricos para que partilhem as suas doses de forma a proteger as populações mais em risco, salvar vidas e superar rapidamente esta crise mundial.
Neste Dia Mundial da Saúde, exorto os Estados-Membros, os parceiros, a sociedade civil, as comunidades e outras partes interessadas a colaborarem mais estreitamente com a OMS para atingir a cobertura universal de saúde e a investirem numa abordagem focada nos determinantes sociais e económicos da saúde, para combater as desigualdades e construir um mundo mais justo e saudável.
A OMS continua empenhada em garantir que todas as pessoas em África, e no resto mundo, possam usufruir do direito a uma boa saúde. (RM-OMS)
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