Mais de 70 pessoas morreram quando um túnel ruiu sexta-feira numa mina de ouro no sudoeste do Mali, avançou hoje à agência de notícias France-Presse (AFP) um líder local dos mineiros.
"Começou com um barulho. A terra começou a tremer. Havia mais de 200 mineiros no chão. As buscas terminaram agora. Encontrámos 73 corpos", declarou Oumar Sidibé.
O número de vítimas foi confirmado por outras fontes locais.
Segundo a agência de notícias EFE, as mortes ocorreram após o desabamento de um poço de uma mina de ouro artesanal, na região de Kolikouro. A EFE noticiou que há a registar pelo menos 60 mortos e que fontes locais dão conta de cerca de 80 óbitos.
Testemunhas locais disseram à EFE que a mina, localizada na aldeia de Kobada, costuma ser fechada por ordem do Governo durante a estação chuvosa (entre Junho e agosto) devido aos riscos enfrentados pelos profissionais durante esses meses, e que estava agora a ser explorada ilegalmente.
Num comunicado divulgado terça-feira, o Ministério das Minas referiu-se à morte de vários mineiros, sem indicar números exactos.
O Governo apresentou "as suas mais sentidas condolências às famílias das vítimas e ao povo maliano" e convidou "as comunidades que vivem perto dos locais de extracção e os mineiros a respeitarem escrupulosamente os requisitos de segurança" e a trabalhem "apenas nos perímetros dedicados à extracção de ouro".
O Mali, um dos países mais pobres do mundo, é um dos principais produtores de ouro do continente africano.
Em Fevereiro de 2022, a explosão de um 'stock' de dinamite num local de extracção artesanal de ouro matou pelo menos 59 pessoas na região sudoeste do Burkina Faso. Também são regularmente registados acidentes na Guiné, no Senegal e nas regiões fronteiriças do oeste do Mali.
Com 72,2 toneladas produzidas em 2022 (incluindo seis toneladas de ouro de extracção artesanal), o ouro contribuiu sozinho com 25% do orçamento nacional do Mali, 75% das receitas de exportação e 10% do Produto Interno Bruto, de acordo com o então ministro das Minas, Lamine Seydou Traoré, em Março de 2023.
Tal como outros governos em África, a junta do Mali, que fez da restauração da soberania uma das suas prioridades após a tomada do poder pela força em 2020, manifestou o desejo de ver o país beneficiar das suas riquezas.
Em agosto de 2023, adoptou um novo código mineiro que permite ao Estado participar até 30% nos novos projectos. De acordo com o Governo, esta medida deverá contribuir com pelo menos 500 mil milhões de francos CFA (cerca de 762 milhões de euros) para o orçamento anual do Estado.
O sector mineiro do Mali é dominado por grupos estrangeiros, como os canadianos Barrick Gold e B2Gold, o australiano Resolute Mining e o britânico Hummingbird Resources, que operam apesar da expansão terrorista e da instabilidade política que assolam o país há anos.
As minas artesanais também continuam a florescer, atraindo milhares de mineiros de toda a sub-região em busca de riquezas. (RM-NM)
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