O Departamento de Estado norte-americano voltou hoje a recusar a intenção de Ashraf Ghani, ex-presidente do Afeganistão, de intervir na crise política do país tomado pelos talibãs.
"Ele [Ashraf Ghani] já não é uma pessoa importante no Afeganistão", disse hoje aos jornalistas a secretária de Estado adjunta norte-americana, Wendy Sherman, recusando-se a comentar a decisão dos EUA de lhe conceder asilo, depois de ter fugido do país no domingo, antes da ocupação de Cabul pelos talibãs.
Ghani disse hoje apoiar negociações entre os talibãs, que tomaram o poder em Cabul, e antigos altos funcionários, acrescentando que está "em conversações para regressar" ao país, após ter fugido para os Emirados Árabes Unidos.
"Apoio a iniciativa do governo de negociar com [o ex-vice-Presidente] Abdullah Abdullah e o ex-Presidente Hamid Karzai. Desejo sucesso a este processo", afirmou, através da rede social Facebook.
Ashraf Ghani enviou uma mensagem de vídeo aos compatriotas, a partir dos Emirados Árabes Unidos, país que horas antes tinha confirmado tê-lo recebido por "razões humanitárias".
O embaixador do Afeganistão no Tajiquistão acusou hoje o antigo Presidente de ter desviado 169 milhões de dólares de fundos estatais e apelou à detenção de Ghani.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
Na terça-feira, os chefes da diplomacia da UE decidiram avançar com a retirada de civis e diplomatas do Afeganistão, nomeadamente cidadãos europeus, devido à "situação perigosa" que o país enfrenta. (RM /NMinuto)
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