O Parlamento saído das eleições na África do Sul deve reunir-se e eleger um Presidente no prazo de 14 dias após a declaração dos resultados eleitorais, o que coloca pressão nas negociações para uma coligação.
O Congresso Nacional Africano (ANC), que libertou o país do ‘apartheid’ em 1994, continua a ser o maior partido mas, sem maioria pela primeira vez em 30 anos, terá de chegar a acordo de coligação com outro partido ou partidos para co-governar e tentar reeleger o Presidente Cyril Ramaphosa para um segundo mandato.
As eleições nacionais na África do Sul decidem quantos lugares cada partido obtém no Parlamento mas são depois os deputados que elegem o Presidente.
Os resultados, conhecidos domingo á noite, das eleições de quarta-feira, ditaram que há quatro grandes partidos políticos e pelo menos oito com percentagem de voto.
O Secretário-Geral do ANC, Fikile Mbalula, afirmou estar aberto a todas as negociações, mesmo com a Aliança Democrática (DA), principal partido da oposição, que há anos lidera o coro de críticas ao ANC, mas que é visto por muitos analistas como a opção de coligação mais estável para a África do Sul.
A DA obteve o segundo maior número de votos, com 21,8%, e os dois partidos teriam uma maioria conjunta e poderiam governar. O líder do DA, John Steenhuisen, disse que o seu partido também estava a iniciar conversações com diferentes partidos.
O ANC obteve 159 assentos no Parlamento de 400 lugares, menos do que os 230 que obteve nas últimas eleições. O DA aumentou ligeiramente para 87 lugares.
África do Sul consegue "resistir à tempestade"?
Cyril Ramaphosa está a tentar um segundo e último mandato e Fikile Mbalula afirmou, depois de conhecidos os resultados, que a continuidade do Presidente como lider do ANC não será moeda de troca para formar uma maioria governativa de coligação.
“Nenhum partido político vai ditar os termos [de negociação]”, insistiu Mbalula, depois de o partido MK de Jacob Zuma, o terceiro mais votado, com quase 15%, ter indicado que faria coligação com o partido no poder, “mas não com o ANC de [Cyril ]Ramaphosa”.
“Toda a gente está a ver se a África do Sul consegue resistir à tempestade e sair do outro lado”, disse o analista político Oscar van Heerden na rede de notícias eNCA, à agência Associated Press(AP).
Entre as opções de coligação, o ANC poderia também juntar-se, além do DA ou do MK, aos Combatentes da Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês), de extrema-esquerda, embora estes tenham sido considerados parceiros que deixariam os investidores pouco à vontade.
O ANC era o partido de Nelson Mandela e libertou a África do Sul do sistema de ‘apartheid’, governando com uma maioria confortável há 30 anos, mas nestas eleições registou-se uma queda sem precedentes.
A África do Sul é uma das principais vozes do seu continente e do mundo em desenvolvimento na cena mundial e deverá assumir a presidência do Grupo dos 20 países ricos e em desenvolvimento no final deste ano. É a única nação africana que faz parte desse grupo. (RM-DW-Africa)
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