A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) anunciou, esta quarta-feira, que os seus inspectores confirmaram que o Irão começou a produção de urânio metálico, mais uma violação ao acordo nuclear de 2015 com as potências mundiais.
O director da AIEA, Rafael Grossi, disse aos países membros da organização que os inspectores da agência confirmaram a 08 de Fevereiro que foi produzida uma pequena quantidade de urânio metálico, 3,6 gramas, numa instalação iraniana em Isfahan (no centro do país).
O urânio metálico também pode ser utilizado no fabrico de uma bomba nuclear e a pesquisa sobre a sua produção é especificamente proibida pelo acordo nuclear, o chamado Plano de Acção Conjunto que o Irão assinou em 2015 com Alemanha, França, Reino Unido, China, Rússia e Estados Unidos.
Segundo a AIEA, o Irão já tinha anunciado a medida, indicando que os planos de pesquisa e desenvolvimento na produção de urânio metálico são parte do "objectivo declarado de projectar um tipo melhor de combustível".
Desde a saída unilateral dos Estados Unidos do acordo, em 2018, os demais membros têm estado a trabalhar para tentar preservar o acordo.
Teerão tem usado as violações do acordo para pressionar os outros signatários a fornecer mais incentivos ao Irão para compensar as sanções norte-americanas reimpostas após a retirada dos Estados Unidos.
O objectivo final do acordo é evitar que o Irão desenvolva uma bomba nuclear, algo que Teerão insiste que não está em causa.
O Irão tem actualmente urânio enriquecido suficiente para fazer uma bomba, mas nada perto da quantidade que tinha antes de o acordo nuclear ser assinado.
Com esta nova violação, complicam-se ainda mais os esforços dos outros países membros para fazer regressar os Estados Unidos ao acordo, algo que o novo Presidente norte-americano, Joe Biden, indicou que estaria aberto.
Em Janeiro, quando o Irão anunciou os planos para produzir urânio metálico, os ministérios dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, França e Reino Unido emitiram um comunicado conjunto mostrando-se "profundamente preocupados".
"O Irão não tem um uso civil confiável para o urânio metálico. A produção de urânio metálico tem implicações militares potencialmente graves", acrescentaram os três países, que instaram também Teerão a interromper a actividade.
Embora o urânio metálico possa, em teoria, ser direccionado para a geração de electricidade, as experiências com ligas metálicas são proibidas pelo acordo nuclear, porque o urânio metálico é um material fundamental no fabrico de armas nucleares.
O processo envolve a conversão de gás de urânio altamente enriquecido em metal que fornece o revestimento, ou cobertura externa, para as barras de combustível que accionam uma reacção nuclear. (RM-Angop)
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