O Governo garante que está a trabalhar para a integração das ex-combatentes na vida sócio económica, nos processos de desenvolvimento, da Paz e reconciliação nacional.
A informação foi veiculada pela directora provincial do Género, Criança e Acção Social em Manica.
Ema Vanessa Catana falava esta segunda-feira, na cidade de Chimoio, na abertura da primeira Sessão do Diálogo Regional Centro entre Mulheres e as Lideranças Locais.
A governante reconhece que ainda existem desafios no processo, mas insta a todos a lutarem em conjunto para que se consiga alcançar o sucesso almejado.
“Esta luta inclui partidos políticos, organizações da sociedade civil e outros extractos da sociedade. Só podemos alcançar sucesso e o desenvolvimento se a mulher for integrada nestes processos, fazendo com que a sua participação seja efectiva. Devemos incluir mulheres ex-combatentes, pessoas com deficiência, enfim, todos os extractos sociais” disse Catana
Mais adiante, a directora provincial explica que “não basta promover o empoderamento económico e distribuir kits de empoderamento económico. É preciso também criar capacidades em matéria de gestão de negócios para que estas mulheres tenham ferramentas e noções básicas sobre gestão de negócios”, e acrescenta que “é preciso que os processos de capacitações sejam completos, para que as mulheres capacitadas façam réplicas nas suas comunidades”.
A governante explica que na província mais de 3 mil mulheres se beneficiaram de projectos de geração de renda neste ano.
“Aqui na província de Manica nós estamos a trabalhar nisso como sector integrado no Conselho Executivo Provincial, na componente de empoderamento económico com apoio dos parceiros ao nível da província. Só para ilustrar, cerca de 3600 mulheres foram integradas este ano para liderar alguns projectos de geração de renda”.
O encontro decorreu no âmbito do Projecto “PROPAZ – Cultura de Promoção de Paz, Reconciliação e Coesão Social”, implementado pelo Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) e financiado pela União Europeia.
Na ocasião, o Director de Programas do IMD, Dércio Alfazema, destacou a necessidade de se avançar num modelo de reintegração que seja sustentável a médio e longo prazo.
“A reintegração não pode se limitar à dimensão formal definida nos acordos políticos. Ela deve estar de acordo com a realidade local. Para ser sustentável a reintegração das ex-combatentes deve ter em conta a dinâmica política, económica e social. As comunidades acolhedoras devem ser preparadas para receber e integrar as ex-combatentes nos mecanismos locais de geração de renda, nos movimentos associativos, nas plataformas de diálogo comunitário, nas actividades culturais entre outras”, disse Alfazema, tendo destacado a necessidade de se envolver lideranças locais.
“Neste processo é fundamental o envolvimento das lideranças locais e religiosas, das organizações locais. A reintegração não pode se limitar à implementação dos acordos e do papel do governo e das lideranças da Renamo. Quem conhece as comunidades e os modelos como se articulam são estes actores”, disse Alfazema.
Segundo Alfazema, no âmbito da iniciativa PROPAZ, o IMD vai realizar sessões de formação para associações locais e para mulheres ex-combatentes para que possam estar mais habilitadas para explorar oportunidades de geração de renda e no diálogo com as autoridades locais.
“Estas mulheres vão precisar de treinamentos para identificar e melhor explorarem as oportunidades existentes nas comunidades onde estão inseridas. Devem se tornar relevantes para as comunidades, devem participar na busca de soluções dos problemas que existem, devem participar activamente na implementação das agendas locais de promoção do desenvolvimento”.
As ex-combatentes dizem terem sido bem acolhidas nas comunidades, mas reclamam morosidade no cumprimento das promessas feitas aquando do Desarmamento e Desmobilização (DD). Segundo referem, nem pensão, nem terrenos e nem projectos de negócios que seriam financiados no âmbito do DDR se tornaram realidade.
“Nos bairros as lideranças locais convivem muito bem connosco, o problema é dinheiro e outras promessas que foram feitas. Ainda não recebemos o talhão prometido até hoje. Os projectos que seriam financiados também não avançaram nada.” disse Linda Saise uma das ex-combatentes.
Por sua vez Amelia Sithole, outra desmobilizada da Renamo, manifestou o seu descontentamento sobre a tabela de fixação da pensão. "Não estamos satisfeitos pelo valor que o governo aprovou. Mil e duzentos meticais só compra saco de carvão e o que vamos comer? A vida em Moçambique está cara. Até salário mínimo é 7 mil. Esse dinheiro não chega para nada” disse Amélia, que durante a sua intervenção manifestou interesse em voltar a estudar, mas lamenta a falta de recursos.
O encontro juntou representantes do governo da província de Manica, associações de mulheres, líderes comunitários, ex-combatentes, representantes das ligas femininas da Frelimo e da Renamo, académicas, religiosos, representantes de fóruns provinciais de ONGs de Manica, Sofala e Tete. (RM)
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