"Americanos não podem morrer em guerra que afegãos não querem combater"

Publicado: 16/08/2021, 21:12
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Depois da tomada de Cabul, no Afeganistão, pelos talibã, Joe Biden fez uma declaração: "Não cometerei os erros do passado. Erros de ficar e de combater indefinidamente um conflito que não é do interesse nacional dos Estados Unidos".

Depois da tomada de Cabul, no Afeganistão, pelos talibã, o presidente dos Estados Unidos fez uma declaração ao país onde falou sobre os passos que o país irá tomar. Para Joe Biden, "os líderes políticos fugiram do país, a forças militares afegãs desistiram de combater". Assim, sublinhou, "as tropas americanas não podem nem devem combater e morrer numa guerra que as próprias forças afegãs não querem combater".
Biden acrescentou que os Estados Unidos "deram todas as oportunidades" para os afegãos decidirem o seu próprio futuro mas, "o que não lhes podemos dar é a vontade de combater por ele".
"Há algumas unidades militares afegãs que são, de facto, muito bravas, mas o Afeganistão não foi capaz de criar resistência contra os talibã e, sem isso, não há hipótese", e, assim, mesmo com tropas norte-americanas durante "mais um ano, mais cinco anos, mais vinte anos", o presidente afirmou que "não faria qualquer diferença".
Nesta perspetiva, Joe Biden considerou que acredita "veementemente" ser "errado dizer às tropas americanas para enfrentar algo que os afegãos não querem".
"Os líderes políticos do Afeganistão foram incapazes de se unir pelo bem do seu povo, incapazes de negociar pelo futuro do seu país quando tiveram oportunidade. Não o fizeram e nunca o farão enquanto os americanos lá estiverem a lutar por eles", apontou, destacando ainda que "os concorrentes estratégicos", como Rússia e China, "quereriam que os EUA continuassem a canalizar milhares e milhões de dólares de recursos para esta situação que nunca mais acabaria".
Biden fez ainda questão de salientar: "Não cometerei os erros do passado. Erros de ficar e de combater indefinidamente um conflito que não é do interesse nacional dos Estados Unidos".
Ainda assim, o líder norte-americano avisou os talibãs para não interferirem com o processo de evacuação organizado pelos Estados Unidos no Afeganistão, ameaçando com uma "força devastadora, se necessário".
A resposta a um ataque será "rápida e poderosa", frisou Joe Biden.
De recordar que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, apelou hoje à organização de uma reunião virtual dos dirigentes do G7 "nos próximos dias" para definir uma "abordagem unificada" sobre a situação no Afeganistão, onde os talibãs regressaram ao poder.
A chegada dos talibãs a Cabul no domingo precipitou a saída do país do presidente afegão, Ashraf Ghani, após terem tomado o controlo de 28 das 34 capitais provinciais em dez dias, e sem grande resistência das forças de segurança governamentais, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio - altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO do país, que deverá ficar concluída no final deste mês.
Um porta-voz do movimento islâmico radical, que governou no Afeganistão entre 1996 e 2001, disse no domingo à televisão pública britânica BBC que os talibãs pretendem assumir o poder no Afeganistão "nos próximos dias", através de uma "transição pacífica", 20 anos após terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, após os atentados de 11 de Setembro de 2001.
Hoje, numa mensagem de vídeo, o 'mullah' Baradar Akhund, chefe do gabinete político talibã no Qatar, fez a primeira declaração pública de um líder talibã após a conquista do país, anunciando o fim da guerra no Afeganistão, com a vitória dos talibãs, após a fuga no domingo do presidente, Ashraf Ghani, e a captura de Cabul.
Com a partida de Ghani, um grupo de líderes políticos formou o Conselho de Coordenação para a transição de poder para os talibãs, composto pelo ex-presidente afegão Hamid Karzai, o presidente do Alto Conselho para a Reconciliação, Abdullah Abdullah, e o líder do partido Hizb-e-Islami e antigo senhor da guerra, Gulbuddin Hekmatyar. (RM /NMinuto)

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