A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional condenou esta segunda-feira a detenção do opositor russo Alexei Navalny, à chegada a Moscovo, após ter recuperado de um suposto envenenamento em agosto, pedindo a sua detenção "incondicional".
"Alexei Navalny foi privado da sua liberdade pelo seu activismo político pacífico e por exercer a sua liberdade de expressão. A Amnistia Internacional considera-o um prisioneiro de consciência e apela à sua libertação imediata e incondicional", disse a organização não-governamental (ONG), numa declaração.
Os serviços prisionais russos (FSIN) detiveram hoje o opositor russo Alexei Navalny à chegada a Moscovo, acusando-o de ter violado os termos de uma pena de prisão suspensa a que foi condenado em 2014.
Num comunicado, o FSIN informou que Alexei Navalny, que regressou hoje à Rússia após vários meses em convalescença na Alemanha após um alegado envenenamento com um agente neurotóxico, "permanecerá detido até à decisão do tribunal" sobre o seu caso, sem especificar uma data.
Principal figura da oposição ao Kremlin (Presidência russa), Navalny foi interpelado pela polícia à chegada ao aeroporto Cheremetievo de Moscovo, quando ia passar pelo controlo de passaportes, segundo testemunharam jornalistas da agência France-Presse (AFP) no local.
A prisão de Navalny "é mais uma prova de que as autoridades russas estão a tentar silenciá-lo", disse a chefe do escritório da Amnistia em Moscovo, Natalia Zviagina.
"A organização reitera o seu apelo às autoridades russas para que iniciem uma investigação criminal sobre o envenenamento da Navalny e assegurem que todos os responsáveis sejam levados à justiça num julgamento justo", disse a Amnistia.
Segundo a AI, as autoridades russas lançaram "uma campanha implacável" contra a figura da oposição de 44 anos, que é advogada por formação.
A ONG acrescentou que "as autoridades russas devem cessar a sua campanha de intimidação e perseguição política contra os seus críticos, incluindo pessoal e apoiantes da Fundação Navalny Anti-Corrupção".
"As autoridades trataram da chegada de Alexei Navalny como uma operação de segurança total, com centenas de polícias convocados para o aeroporto de Vnukovo, prendendo e empurrando os seus apoiantes para uma temperatura de 20 graus negativos", disse a AI.
A organização denunciou também o desvio de última hora do voo para outro aeroporto, Sheremetyevo, para evitar protestos.
Pelo menos 53 pessoas, incluindo vários dos aliados da Navalny, foram presas no domingo enquanto esperavam o político em Vnukovo.
"Todos os apoiantes da Navalny e jornalistas detidos no aeroporto de Vnukovo em Moscovo devem ser imediata e incondicionalmente libertados. O seu único crime é cumprimentar Alexei Navalny ou cobrir a sua chegada à Rússia", salientou AI.
Por outro lado, a Human Rights Watch aplaudiu o regresso de Navalny à Rússia.
"É um autêntico ato de bravura que Alexei Navalny regresse à Rússia, uma vez que agentes do governo já tentaram matá-lo uma vez", afirmou o director executivo desta organização, Kenneth Roth, numa publicação na rede Twitter.
"Mas é compreensível que ele queira fazer parte do movimento pró-democracia na Rússia, não um dissidente no exílio", acrescentou.
Navalny acusou o Presidente russo, Vladimir Putin, de ordenar o seu envenenamento na Sibéria, em agosto passado. (RM-NM)
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