Os níveis de fome no Sudão do Sul, já alarmantes, vão piorar nos próximos meses com o afluxo de refugiados do Sudão e com as atuais invulgares chuvas, alertou hoje a organização não-governamental (ONG) Comité Internacional de Resgate (IRC).
Um afluxo de mais de 720.000 refugiados e repatriados que fogem da escalada do conflito no vizinho Sudão enfrentam uma crise de fome cada vez mais grave no Sudão do Sul, num contexto de insegurança alimentar crescente e de deterioração da situação humanitária, indica-se no comunicado.
Na mesma nota, a ONG esclarece que se prevê que os níveis já alarmantes de fome e desnutrição aguda no Sudão do Sul se intensifiquem durante a atual época de escassez quando as reservas alimentares estão gravemente esgotadas e os preços dos alimentos nos mercados locais aumentam devido ao agravamento da inflação e às estações de chuvas invulgares, que decorre normalmente de finais de abril a outubro, que levam a graves inundações.
"As famílias estão a tomar medidas extremas para lidar com a situação, chegando mesmo a passar dias sem comer. As crianças subnutridas que sobreviverem a esta crise terão provavelmente um crescimento atrofiado e dificuldades no desenvolvimento mental", refere Caroline Sekyewa, diretora nacional do IRC no Sudão do Sul.
Sem um aumento significativo do apoio no Sudão do Sul, prevê-se que mais de metade da população do país, mais de sete milhões de pessoas, passem fome até ao final deste ano e que 79.000 pessoas venham a sofrer os piores extremos da fome. As crianças são particularmente vulneráveis, com 1,65 milhões gravemente subnutridas com menos de cinco anos, em risco elevado de morrer se não receberem tratamento alimentar e nutricional.
"Em resposta à deterioração da crise da fome, o IRC está a intensificar as suas intervenções nutricionais que salvam vidas, tendo destacado uma equipa de resposta rápida para apoiar os refugiados no ponto de entrada e centro de trânsito de Aweil East, no noroeste do país", anuncia Sekyewa.
Para a diretora Nacional do IRC no Sudão do Sul esta é uma das zonas onde se preveem os níveis mais elevados de fome.
Em tom crítico, a ONG refere que ,apesar de os parceiros humanitários terem aumentado a sua resposta à fome generalizada, apenas 30% dos 1,7 mil milhões de dólares (1,55 mil milhões de euros) necessários para reduzir o sofrimento foram atingidos no Sudão do Sul. Na mesma nota, lê-se ainda, que, "por seu lado, o apelo humanitário no Sudão só atingiu 31,5% dos 2,7 mil milhões de dólares (2,47 mil milhões de euros) necessários". (RM-NM)
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