O Administrador de Metuge, na província de Cabo-Delgado, disse que o distrito não está em condições de dar toda a assistência necessária aos deslocados dos ataques terroristas, que chegam àquele ponto do país de forma massiva nos últimos dias, sublinhando que nas últimas três semanas, Metuge recebeu mais de 10.000 deslocados.
António Valério Nandanga, que falava, esta quinta-feira, durante um encontro com um grupo de deputados da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade (CACDHL), explicou que o distrito de “Metuge começou a receber deslocados, em Agosto do ano passado.
“Estamos a falar de um número reduzido de 30 famílias mas a situação foi-se agravando a partir do início deste ano, tendo o distrito atingido três mil pessoas em Janeiro e Fevereiro. Nos princípios de Maio o número subiu para 10 mil deslocados. As pessoas foram aparecendo até atingirmos 31.000 pessoas nos meses seguintes”, explicou Nandanga, sublinhando que estes deslocados são provenientes de quase todos os distritos afectados pelas acções terroristas.
O Administrador acrescentou que há três semanas, nos dias 26 a 28 de Setembro, o distrito recebeu mais de 10 mil deslocados, totalizando, neste momento, cerca de 56. 600 deslocados, que formam cerca de 13. 000 famílias.
“Como se vê é muita gente para aquilo que é capacidade de resposta do distrito. Estas últimas chegadas nos últimos dias, deixaram nos numa situação muito complicada, porque não tempos condições aqui, não temos abrigos para as pessoas, não temos água, talvez em breve teremos água, tudo isso coloca os deslocados numa situação difícil de viver no nosso distrito”, lamentou o Administrador.
“É uma situação que já foi reportada às estruturas da província e aos parceiros de cooperação. Há promessas de intervenção e, nós acreditamos que a qualquer momento podemos receber o apoio mesmo que não seja total, mas o que vier vai ajudar a minimizar o sofrimento dos nossos concidadãos”, sublinhou aquele dirigente.
O Administrador apontou como grande desafio do distrito de Metuge o reassentamento das populações em zonas seguras.
“Já identificamos sítios melhores para o parcelamento de talhões e para a prática de actividades agrícolas, acreditamos que são lugares melhores com condições para acolher os deslocados”.
“No entanto, o nosso grande problema é a via de acesso, mas já identificamos um empreiteiro que vai trabalhar para melhorar a via”, sublinhou o Administrador acrescentando que também há promessas de abertura de furos de água, isto leva-nos acreditar num futuro risonho das nossas populações”.
Nandanga explicou ainda que o distrito tem recebido apoio dos parceiros de cooperação que operam em parceria com Instituto Nacional de Gestão de Calamidade (INGC), em produtos diversos, mas não chegam para todos.
Por seu turno, a CACDHL mostrou se preocupada com a situação em que se encontram as populações deslocadas em Metuge, daí que garantiu fazer de tudo que estiver ao seu alcance no sentido de se mobilizar apoios para mitigar o sofrimento daquelas populações.
Este posicionamento foi manifestado pelo Presidente desta Comissão de trabalho, António Boene, durante a visita efectuada pela Comissão, num dos centros de acolhimento abertos em Metuge, concretamente, na Escola Primária Completa 25 de Junho.
Na ocasião, Boene deixou, durante a interacção com alguns deslocados, uma mensagem de solidariedade, conforto e de esperança, afirmando que, “é preciso sermos fortes e unidos para superarmos esta situação e, nós como deputados da Assembleia da República vamos fazer pressão nas identidades competentes para que haja uma solução o mais rápido possível”. (RM C Delgado)
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