A imprensa indiana noticia esta terça-feira que o Emirado islâmico, no poder em Cabul, prepara-se para convidar seis Estados, incluindo a Rússia, República Popular da China e Turquia, para a tomada de posse do novo governo.
A edição digital do jornal India Today refere que os talibãs vão convidar a Rússia, a República Popular da China, o Irão, a Turquia, o Paquistão e o Qatar para a cerimónia de tomada de posse do Executivo.
A formação do novo governo do Emirado Islâmico, proclamado no passado dia 15 de agosto, ainda não foi anunciada.
O jornal indiano recorda que Suhail Shaheen, porta-voz talibã, entrevistado pela estação India Today TV, que pertence à mesma publicação, enfatizou a importância do Paquistão para o novo poder em Cabul, recordando que "muitos talibãs mantêm as famílias" em território paquistanês.
Por outro lado, destaca que a presença do general paquistanês Faiz Hameed em Cabul é garantia de não interferência de Islamabade.
O Paquistão e a República Popular da China mantêm as missões diplomáticas na capital do Emirado Islâmico, após a reconquista de Cabul pelos talibãs.
O jornal India Today refere ainda que para a República Popular da China, Rússia e Turquia - país membro da NATO - a actual conjuntura é favorável no sentido de virem a "ocupar" o espaço (diplomático) deixado pelos Estados Unidos após a derrota na guerra que se prolongou durante 20 anos.
O Irão já demonstrou satisfação pela "retirada" dos Estados Unidos do Afeganistão tendo Teerão mostrado abertura para "trabalhar" com o futuro governo do Emirado Islâmico.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, no cargo desde agosto, já afirmou que "a derrota da América é uma oportunidade para restauração da segurança e de uma paz duradoura no Afeganistão".
O Irão faz fronteira com o Afeganistão sendo que no final do século XX, o conflito entre xiitas e sunitas quase provocou uma guerra entre Teerão e Cabul devido à morte de diplomatas iranianos em território afegão controlado pelos talibãs entre 1996 e 2001.
A posição do Irão em relação aos talibãs alterou-se após a invasão do país pelas forças dos Estados Unidos e da Aliança Atlântica.
Na segunda-feira, um comunicado oficial assinado de Zabihullah Mujahid, principal porta-voz dos talibãs, citado pela agência France Presse referia que o novo poder afegão quer manter boas relações com o que chamou "comunidade internacional" e destacou particularmente a República Popular da China.
"A China é um país nosso amigo, ajudou-nos muito e temos pedido para que nos ajude e que coopere connosco. Também pedimos ao governo da China que reconheça oficialmente o nosso governo e mantenha relações diplomáticas connosco", disse Zabihullah Mujahid.
No mesmo comunicado, Mujhaid dizia ainda que os talibãs estão dispostos a cooperar e a garantir segurança total aos projectos económicos da República Popular da China "na região".
Na segunda-feira, a diplomacia de Pequim recusou fazer comentários sobre o assunto.
Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China disse que "de momento" não tinha informações sobre as eventuais relações entre Pequim e Cabul.
A declaração do principal porta-voz dos talibãs coincidiu com o anúncio, segunda-feira, sobre o controlo da província de Panjshir, a oitenta quilómetros a norte de Cabul, onde se verificavam bolsas de resistência lideradas por Ahmad Massoud, filho do histórico comandante Ahmad Shah Massoud, assassinado pela Al Qaeda em Setembro de 2001.
Junto das forças da Frente Nacional de Resistência (NRF) de Ahmad Massoud, na zona montanhosa de Panjashir encontram-se, além de efectivos locais, antigos membros das forças de segurança afegãs que fugiram para a província após a queda de Cabul.
O vale, perto do Hindu Kush, dividido pelo rio Panjshir é habitado sobretudo por tajiques e tornou-se numa das 34 províncias do Afeganistão em 2004.
Anteriormente a região do vale pertencia à província de Parwan.
Apesar do anúncio sobre a conquista do Panjshir, a NRF nega as informações sobre a situação militar.
"A afirmação dos talibãs de que ocuparam o Panjshir é falsa. As forças da NRF estão presentes em todas as posições estratégicas do vale para continuarem a luta", disse o movimento num breve comunicado pouco depois da declaração de vitória dos talibãs sobre os confrontos na região.
Também na segunda-feira, em conferência de imprensa, em Cabul, o principal porta-voz dos talibãs, voltou a afirmar que a formação do novo Executivo do Emirado Islâmico vai ser "anunciada em breve" acrescentando que pode vir a ter a "forma de governo provisório".
Por outro lado, afirmou que "ainda é cedo" para se decidir se os talibãs vão permitir a realização de eleições no Afeganistão assim como não se mostrou conclusivo quanto ao enquadramento jurídico do país. (RM-NM)
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