Os Estados Unidos e a Albânia devem levar a votos uma resolução ao Conselho de Segurança da ONU a condenar a Rússia pelas suas acções em relação à Ucrânia, revelaram, esta quarta-feira, fontes diplomáticas à agência France Presse (AFP).
A votação deste projecto de resolução, no órgão mais importante das Nações Unidas, deve ser organizada "nos próximos dias", referiu uma das fontes diplomáticas à AFP.
A mesma fonte explicou que o objectivo é aproveitar o momento favorável, após a grande maioria das nações terem condenado fortemente as acções da Rússia face à Ucrânia na segunda-feira, no Conselho de Segurança.
Durante a longa reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, dedicada à Ucrânia, também uma grande maioria dos países, de todos os continentes, denunciaram o comportamento da Rússia.
O projecto de resolução, divulgado pela AFP, propõe que o Conselho de Segurança "condene a decisão da Rússia" em reconhecer a independência dos territórios separatistas Donetsk e Lugansk, no leste ucraniano, e "reafirme o seu compromisso com a soberania e independência da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas".
O texto está "quase finalizado", adiantou à AFP um diplomata europeu.
"Espero que possamos agir nas próximas horas ou dias. E se não conseguirmos no Conselho de Segurança, iremos directos para a Assembleia Geral", acrescentou.
Devido ao direito de veto da Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança, este projecto de resolução está fadado ao fracasso naquele órgão.
Em seguida, deverá ser submetido à Assembleia Geral da ONU, onde as resoluções não são vinculativas e onde não há direito de veto.
Este cenário já ocorreu após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. Moscovo vetou o projecto no Conselho de Segurança, enquanto a China se absteve e os outros 13 membros votaram a favor.
Depois, na Assembleia Geral, dos 193 membros, o projecto de resolução obteve 100 votos a favor, com 11 países a votarem contra e 58 a absterem-se, enquanto os restantes não participaram na votação.
Segundo a fonte diplomática europeia, a grande diferença face a 2014 é a "magnitude" da situação actual.
"Existe o risco de um grande conflito, de uma grande guerra. O pior cenário é o de uma espécie de operação militar, do tipo Segunda Guerra Mundial, que naturalmente causaria muitas baixas civis", alertou o diplomata.
Vladimir Putin assinou, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia).
Depois do reconhecimento, Putin autorizou o exército russo a enviar uma força de "manutenção da paz" para Donetsk e Lugansk, fazendo aumentar o receio de uma ofensiva da Rússia no leste da Ucrânia.
O Ocidente acusa Moscovo de quebrar os Acordos de Minsk, assinados por Kiev e pelos separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, sob a égide da Alemanha, França e Rússia.
Estes visavam encontrar uma solução para a guerra entre Kiev e os separatistas apoiados por Moscovo que começou em 2014, pouco depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia.
A guerra no Donbass já provocou mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados desde 2014, segundo as Nações Unidas.
Em 2014, os separatistas declararam a independência dos territórios ucranianos de Donetsk e Lugansk, que a Rússia reconheceu na segunda-feira, numa decisão vista pelo Ocidente como um sinal de uma nova invasão da Ucrânia. (RM /NMinuto)
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