O Conselho dos Direitos Humanos da ONU será forçado esta sexta-feira, pela primeira vez na sua história, a escolher por votação secreta um presidente, após a candidata prevista ter sido considerada demasiado militante pela China e outros países.
"Encontrámo-nos num impasse", disse à agência France Presse uma fonte próxima do conselho que não quis ser identificada. "É uma situação muito, muito complicada", sublinhou.
Normalmente, a presidência do Conselho dos Direitos Humanos, que é sobretudo um cargo normativo, é determinada por consenso para assegurar uma rotação anual mudando de zona geográfica.
Mas este ano a Ásia-Pacífico não se entendeu. Segundo observadores, a China, Rússia, Arábia Saudita e outros países não queriam a candidata prevista -- a embaixadora das ilhas Fiji em Genebra, Nazhat Shameen Khan -- e arranjaram outros candidatos.
"Eles diziam que as Fiji é demasiado pró-ocidental", explicou Marc Limon, director do grupo de reflexão Universal Rights Group, à AFP.
"Mas acho que, na realidade, o problema é que Fiji é a favor dos direitos humanos e assumiu posições fortes no Conselho", adiantou.
Um diplomata chinês que não se quis identificar negou em declarações à AFP que o seu país se tenha oposto à candidata das Fiji ou pedido a outros para o fazerem, afirmando que a China poderia "aceitar" qualquer um dos três candidatos agora em disputa.
A Rússia e a Arábia Saudita não responderam aos pedidos da AFP.
Os 47 membros do conselho poderão escolher hoje para a presidência entre as Fiji, o Bahrein e o Uzbequistão.
Segundo Phil Kynch, da organização International Service for Human Rights, China, Rússia e Arábia Saudita temem que uma presidência das Fiji seja muito ativa.
Kenneth Roth, director-executivo da Human Rights Watch, considera que a oposição às Fiji "é um esforço para criar obstáculos ao Conselho de Direitos Humanos".
"Eles preferem que alguém como o Bahrein porque está a soldo dos sauditas e não tem interesse na promoção dos direitos humanos, por o próprio Bahrein os viola", acusou Roth. (RM-NM)
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