Dois soldados sul-africanos foram mortos e três ficaram feridos num ataque a uma base no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), quando se regista um aumento da instabilidade na região, disseram hoje as forças armadas sul-africanas.
AForça de Defesa Nacional Sul-Africana, que supervisiona todas as forças armadas do país, disse acreditar que a explosão do morteiro naquela base, na quarta-feira, foi resultado de "fogo indirecto", mas uma investigação estava em curso para determinar quem era o responsável.
A África do Sul enviou soldados para a RDCongo como parte da missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, para lutar contra grupos rebeldes armados no leste daquele país.
Pretória anunciou esta semana que iria enviar um novo contingente de 2.900 soldados para o leste da RDCongo.
A base atingida fica na província de Kivu do Norte, disse o porta-voz da Força de Defesa Nacional da África do Sul, Siphiwe Dlamini. Por isso, os feridos foram levados para um hospital na cidade de Goma.
A violência na região atingida pelo conflito aumentou nas últimas semanas, com muitos atribuindo os ataques ao grupo rebelde M23, que há anos luta contra os militares congoleses na região.
O Governo afirma que o M23 está a receber apoio militar do vizinho Ruanda, o que Kigali nega.
Mais de um milhão de pessoas já estão deslocadas pelo conflito desde Novembro, dizem grupos de ajuda humanitária. Isto soma-se aos 6,9 milhões que já fugiram das suas casas numa das maiores crises humanitárias do mundo.
Na quinta-feira, o Conselho Norueguês para os Refugiados afirmou que o recente avanço de grupos armados em direcção à importante cidade de Sake, perto de Goma, "representa uma ameaça iminente a todo o sistema de ajuda" no leste da RDCongo.
"O isolamento de Goma, lar de mais de 2 milhões de pessoas e que acolhe centenas de milhares de indivíduos deslocados que fugiram de confrontos com grupos armados, traria consequências desastrosas para a região", afirmou o NRC.
A escalada de violência e de combates que atinge o leste do país ameaça pôr em perigo a ajuda humanitária a milhões de pessoas, com "consequências potencialmente devastadoras" para a população civil, alertou também hoje o Conselho Norueguês para os Refugiados. (NRC).
"A segurança dos civis deve ser primordial. Todas as partes no conflito devem cumprir as suas obrigações ao abrigo do direito internacional para proteger os civis", disse o director do NRC na RDC, Eric Batonon, num comunicado.
Assim, o responsável apelou ao "fim dos ataques contra a população civil e à garantia do acesso irrestrito à ajuda humanitária".
Segundo o NRC, o aumento de refugiados "está a colocar grande pressão sobre os recursos limitados existentes e a agravar a escassez entre a comunidade local", cujas escolas são frequentemente convertidas em abrigos temporários, "privando as crianças de educação".
A organização acrescentou que o crescente isolamento da cidade de Goma, capital da província do Kivu do Norte, dificulta a capacidade das organizações humanitárias internacionais de chegarem às pessoas deslocadas na região oriental, agravando uma situação "já grave".
"A resposta humanitária na região já era precária. Agora está à beira do colapso", lamentou.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) já tinha lamentado na quarta-feira a queda de bombas em vários campos de deslocados no leste do país.
A expansão dos combates está a impedir que os trabalhadores humanitários ajudem as 800 mil pessoas deslocadas na área onde o M23 e o Exército lutam.
Desde 1998, o leste da RDCongo está afectada por um conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU no país (Monusco). (RM-NM)
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