Registaram-se , esta segunda-feira, tumultos na reunião do parlamento da União Africana (UA), na África do Sul, onde eleitos se envolveram em confrontos físicos, entre gritos de que havia gente armada na sala.
Várias cenas de violência verificaram-se na sessão em Midrand, na sequência de um desacordo sobre o processo de eleição do novo presidente para o órgão legislativo da UA que fez os ânimos aquecer.
Os episódios de violência foram transmitidos na emissora nacional da África do Sul, a SABC. As eleições para o parlamento Pan-Africano foram suspensas, enquanto os líderes decidiam o que fazer.
O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, considerou que os incidentes mancham a imagem da instituição e pediu aos membros do órgão que se recomponham e cumpram as normas.
"As cenas chocantes de violência hoje no Parlamento Pan-Africano mancham a imagem desta honrosa instituição. Apelo a todos os parlamentares para que recuperem a sua compostura e cumpram com as regras e procedimentos da instituição", reagiu Moussa Faki Mahamat, no Twitter.
A eleição já tinha sido adiada na quinta-feira, quando um funcionário que trabalhava no local, perto de Joanesburgo, testou positivo ao novo coronavírus, mas essa reunião revelou pela primeira vez as tensões existentes quando o parlamentar sul-africano Julius Malema foi ouvido a ameaçar o eleito maliano Ali Kone, durante os trabalhos.
"Eu mato-o lá fora. Fora desta sala, eu mato-o. Eu mato-te", disse, enquanto apontava para Kone, Julius Malema, líder de um partido de oposição de extrema-esquerda na África do Sul.
Na origem do desentendimento, está a falta de acordo entre um bloco de países da África Ocidental e um conjunto de países da África Austral sobre se a presidência deve ou não ser rotativa.
Os dois últimos presidentes do parlamento Pan-Africano eram da África Ocidental e nunca houve um presidente do Sul, na curta história do parlamento, criado em 2004.
Quando o caos se instalou na reunião desta segunda-feira, viram-se eleitos a lutarem por cima de uma urna em frente à sala destinada a guardar os boletins de voto para a eleição. Primeiro, duas mulheres disputaram a urna de voto, tentando arrancá-la das mãos uma da outra. Outros membros do parlamento juntaram-se então aos confrontos e um parlamentar tentou pontapear Pemmy Majodina, da África do Sul, tendo depois explicado que não estava a tentar agredir a eleita sul-africana, mas a procurar tirar um telemóvel da mão de outro membro do órgão, que estaria a gravar o que se passava.
"Vive-se uma situação bastante dura e caótica agora, e o assunto é sobre a eleição e o princípio da rotatividade", sublinhou Majodina, em declarações à SABC.
Enquanto o caos se desenrolava, outros eleitos gritaram nos seus microfones que havia "homens armados na sala" e chamaram repetidamente a polícia e a segurança, afirmando que estavam a ser ameaçados por um grupo de sul-africanos com armas.
A parlamentar Pemmy Majodina garantiu que não havia armas na sala.
O perito em relações africanas e internacionais Charles Sinkala referiu à SABC que as cenas, transmitidas pela televisão na África do Sul, eram embaraçosas.
"Não esperamos que os líderes eleitos se comportem desta forma horrível", salientou. "Vejam as filmagens. São os adultos que precisam da supervisão de adultos". (RM /NMinuto)
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