A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos aprovou na sexta-feira, pela primeira vez, o uso de um medicamento oral para tratar a depressão pós-parto.
O medicamento, que será comercializado sob o nome Zurzuvae, deve ser tomado uma vez por dia durante 14 dias, explicou o regulador, em comunicado.
A eficácia da droga foi demonstrada em dois estudos. Nos testes, as pessoas que tomaram o medicamento tiveram uma melhoria significativa nos seus sintomas em comparação com aquelas que tomaram apenas um placebo.
A melhoria, que na maioria dos pacientes surgiu três dias após o início do teste, manteve-se quatro semanas após o fim do tratamento, detalhou o regulador.
De acordo com dados de 2018 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, uma em cada oito mulheres que deram à luz no país desenvolve sintomas de depressão pós-parto.
No entanto, apenas uma em cada quatro mulheres que sofrem deste problema, lamentou a gerente médica da empresa Carrot Fertility, Asima Ahmad.
"Ter acesso a uma medicação oral será uma opção benéfica para muitas dessas mulheres", concluiu a directora de psiquiatria do centro de avaliação de medicamento da FDA, Tiffany Farchione, citada no comunicado.
A agência norte-americana lembrou que, até agora, "o tratamento da depressão pós-parto só estava disponível como uma injecção intravenosa" administrada em três dias seguidos, com um custo de 34 mil dólares (30.800 euros).
Asima Ahmad defendeu que o Zurzuvae "poderá melhorar a facilidade de acesso a certas populações", em particular minorias étnicas, menos informadas sobre os riscos da depressão pós-parto.
A depressão pós-parto afecta cerca de meio milhão de mulheres por ano só nos Estados Unidos e pode prolongar-se por meses ou até anos.
O tratamento convencional inclui aconselhamento ou antidepressivos, que podem levar semanas para fazer efeito e não conseguem ajudar todas as pacientes.
"A depressão pós-parto é uma doença séria e com risco de vida que leva as mulheres a sentirem tristeza, culpa, inutilidade - até mesmo, em casos graves, vontade de se ferirem a si mesmas ou aos seus filhos", disse Tiffany Farchione.
Uma professora da Universidade de Yale, Kimberly Yonkers, disse ainda assim que a FDA deveria ter exigido que a farmacêutica Sage apresentasse mais dados sobre como as mulheres se sentiram meses após o fim do tratamento.
"O problema é que não sabemos o que acontece depois de 45 dias", disse Yonkers, uma psiquiatra especializada em depressão pós-parto. "Pode ser que as pessoas estejam bem ou podem ter uma recaída," sublinhou. (RM-NM)
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