Os Estados Unidos da América (EUA) lamentam o pedido da junta do Mali para a retirada imediata da missão de paz no país (Minusma), referiu, esta segunda-feira, o Departamento de Estado, apelando a uma saída "ordenada e responsável" dos 'capacetes azuis'.
“Washington lamenta "a decisão do governo de transição do Mali de revogar o seu consentimento à Minusma", destacou o porta-voz da diplomacia norte-americana, Matthew Miller, em comunicado.
"Estamos preocupados com os efeitos desta decisão nas crises de segurança e humanitária que afectam o povo do Mali", acrescentou, garantindo que Washington mantém o seu "total apoio" à Minusma e ao seu líder El Ghassim Wane.
"A retirada do Minusma deve ser ordenada e responsável, dando prioridade à segurança dos pacificadores e malianos", insistiu o porta-voz, apelando à junta para respeitar os seus compromissos para uma transição democrática até Março de 2024.
O governo do Mali pediu na sexta-feira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) a retirada "imediata" da missão de paz no país, que tem cerca de 12.000 soldados e polícias, num momento em que faltam duas semanas para a votação da renovação do seu mandato.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, falou perante o Conselho de Segurança e avaliou que a Minusma "se tornou parte do problema" do país e que tem despertado "grande desconfiança" entre a população e o governo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, recomendou a extensão da missão por um ano, concentrando-a, com números constantes, num número limitado de prioridades.
Mas o representante especial da ONU no Mali destacou também na sexta-feira que vê a continuidade da missão de paz naquele país como "quase impossível".
Numa breve declaração perante o Conselho de Segurança, El Ghassim Wane lembrou que todas as missões de paz da ONU são estabelecidas e operam "com base no consenso" com as autoridades do país.
O Conselho de Segurança marcou uma reunião para o dia 29 deste mês, data que ainda se mantém, justamente para votar a renovação da missão, que opera no Mali desde 2013 e cujo mandato é renovado por períodos de um ano.
Embora a relação tensa entre a Minusma e o governo do Mali fosse conhecida, o pedido para a retirada causou surpresa entre os Estados-membros que votarão o futuro da missão, pois a maioria dos países tinha formulado o seu desejo de renovar o mandato.
A actividade da Minusma durante a sua década de implementação não foi capaz de reduzir todas essas tensões cruzadas ou proporcionar estabilidade política.
De facto, o país sofreu dois golpes de Estado consecutivos (em 2020 e 2021) e agora é governado por uma junta militar, que se tem aproximado da Rússia, através dos mercenários do grupo Wagner. (RM /NMinuto)
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