A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) anunciou hoje necessitar de 22,1 milhões de dólares (20,7 milhões de euros) para apoiar 940 mil moçambicanos com ajuda urgente face aos efeitos das alterações climáticas.
Num apelo a doações internacionais lançado em 30 de Abril pela organização, para "mitigar e responder" aos impactos na agricultura e segurança alimentar em Maputo, Gaza, Inhambane, Manica, Tete e Sofala, no centro e sul do país, a FAO refere que cerca de 2,4 milhões de pessoas já estão a sofrer os impactos directos do 'El Niño', mais de metade (1,3 milhões) em situação crítica.
A FAO recorda que, segundo os dados da Organização Meteorológica Mundial, o "El Niño" 2023--2024 é "um dos cinco mais fortes já registados" e, apesar de "enfraquecer gradualmente, continuará a impactar o clima global nos próximos meses, trazendo temperaturas acima do normal até Maio".
"Nas regiões sul e centro de Moçambique, o evento El Niño trouxe chuvas bem abaixo da média de Outubro de 2023 a Fevereiro de 2024, enquanto o norte de Moçambique registou resultados médios a acima da média chuva. Ao perturbar os padrões de precipitação e temperatura, o El Niño é impactando fortemente a agricultura e os meios de subsistência rurais", justifica.
O apelo da FAO, para intervenções no terreno até Maio de 2025, aponta a necessidade de "mitigar o impacto dos extremos climáticos induzidos pelo El Niño no segurança alimentar e meios de subsistência de famílias vulneráveis", bem como "melhorar o acesso" dessas famílias "a serviços diversificados e comida nutritiva".
A resposta prevista pela FAO prevê medidas para a actuar na segunda época agrícola, que decorre até Junho de 2024, como o apoio à produção de vegetais nas terras baixas e a aplicação de práticas climaticamente inteligentes, ainda a promoção de práticas de captação e conservação de água, como gota a gota, a abertura de poços nos leitos dos rios para produção de hortaliças, o apoio à multiplicação de sementes de culturas não comerciais e sementes comunitárias.
Aquela agência das Nações Unidas recorda que "mais de 80% dos moçambicanos" dependem da agricultura para ter alimentos e rendimento, pelo que "apoiar os meios de subsistência agrícola é fundamental", nomeadamente fornecendo às famílias vulneráveis "soluções em grande escala e urgentes", assistência que "ajudará a mitigar o impacto do El Niño, garantindo que podem produzir e ter acesso a alimentos nutritivos e obter rendimentos para apoiar suas famílias e comunidades".
A organização alerta que no cenário actual, "famílias pobres no sul e centro de Moçambique provavelmente continuarão dependentes de compras no mercado no período pós-colheita, para complementar sua safra 2024" e que "o fracasso da época agrícola também pode levar ao aumento" da emigração. (RM-NM)
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