A Embaixada de França no Níger, que Paris tinha anunciado que iria encerrar pouco antes do Natal, está oficialmente encerrada "até nova ordem" e continuará a funcionar a partir de Paris, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
"A embaixada de França no Níger está encerrada até nova ordem. Durante os últimos cinco meses, a nossa embaixada foi gravemente afectada, o que a impossibilitou de cumprir as suas missões: bloqueios em torno da embaixada, restrições de viagem para o pessoal e o regresso de todo o pessoal diplomático que devia deslocar-se ao Níger", segundo um comunicado do Quai d'Orsay.
O encerramento de uma embaixada, uma medida extremamente rara, foi decidido ao mesmo tempo que se processou a retirada dos últimos soldados franceses destacados no Níger, no âmbito da luta contra o terrorismo, que deixaram o país em 22 de Dezembro.
As relações entre Paris e Niamey deterioraram-se após o golpe militar de 26 de Julho que resultou no derrube do Presidente eleito Mohamed Bazoum.
Após o golpe de Estado de 26 de Julho, os militares no poder exigiram rapidamente a partida dos soldados franceses - cerca de 1.500 destacados para combater os extremistas islâmicos - e denunciaram vários acordos militares assinados com Paris.
No final de Agosto, o regime militar ordenou também a expulsão do embaixador francês, Sylvain Itté, que ficou retido na representação diplomática durante quase um mês antes de sair do Níger.
"A embaixada continuará a funcionar a partir de Paris. Em particular, manterá uma ligação com os cidadãos franceses no terreno e com as organizações não-governamentais que trabalham no sector humanitário, que continuamos a financiar", explicou o Quai d'Orsay.
A França chegou a ter 5.500 militares destacados no Sahel, antes de ser expulsa por sucessivos golpes de Estado no Mali, no Burkina Faso e, finalmente, no Níger.
A retirada das tropas começou no início de Outubro, depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado, em Setembro, que o processo estaria concluído "antes do final do ano", na sequência de um pedido da junta militar, que adoptou uma posição dura em relação a Paris e optou por uma aproximação à Rússia.
Após o anúncio de Macron, a junta militar - cujo nome oficial é Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP) - disse que a decisão da França era "um novo passo para a soberania do país" e sublinhou que se tratava de "um momento histórico" para o país africano.
A junta militar no poder no Níger, que está sob sanções da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) - um organismo que anunciou recentemente que Niamey está suspensa até que "a ordem constitucional seja restabelecida" -, estabeleceu nos últimos meses laços mais estreitos com os militares no poder no Mali e no Burkina Faso, onde os respectivos exércitos também subiram ao poder após uma série de golpes entre 2020 e 2022.
Estes três países, que anunciaram em Setembro a criação de uma aliança militar defensiva, a Aliança dos Estados do Sahel (AES), têm criticado fortemente a França pelo seu papel durante a época colonial e por não ter agido com suficiente firmeza face à expansão das redes terroristas na região, onde operam as filiais da Al-Qaida e do grupo extremista Estado Islâmico. (RM-Angop)
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