Os países que acolherem aviões ucranianos a operar contra forças russas na Ucrânia serão "parte do conflito", disse o general russo Evgueni Bujinski num programa televisivo com análises coincidentes sobre Moscovo estar em guerra com a NATO.
"O território da Ucrânia não é propício a receber e abrigar aviões militares. Portanto, supõe-se que a NATO recorrerá a pistas de países vizinhos. Todavia, nos termos do direito internacional, qualquer país que se disponibilize para tal será considerado parte do conflito", disse Bujinski, general na reserva e director do Centro de Pesquisas Político Militares, no programa diário de debate político de Vladimir Soloviov no canal Rússia 1.
Quanto às operações russas em território ucraniano, o oficial sugeriu também "paralisar as vias de fornecimento ocidental de armas à Ucrânia, através de bombardeamento de pontes e nós ferroviários".
"Queremos evitar perdas humanas, mas são contra-medidas a que nos obriga o inimigo", justificou, apontando alegadas acções semelhantes por parte da Ucrânia.
Em foco no programa, um dos de maior audiência da televisão russa e alinhado com as posições do Kremlin em relação ao conflito, esteve a entrevista de Robert Bauer, presidente do Comité Militar da NATO, à televisão portuguesa RTP, da qual foram passados excertos, legendados em português.
Soloviov, conhecido pelo seu ultranacionalismo e tom agressivo das suas intervenções anti-ocidentais, afirmou que "já ninguém tem dúvidas de que a Rússia está a lutar contra a NATO".
Margarida Simonian, redactora-chefe do canal RT, agradeceu com ironia aos países da NATO "por terem tirado de cima dos ombros dos russos um grande peso moral".
"É que, no início do conflito, o que nos doía na alma era pensar que estávamos a lutar contra um povo irmão", disse Simonian, cujo canal foi banido dos países europeus por ser considerado um veículo de propaganda do Kremlin.
Simonian regozijou-se ainda com o facto de a esmagadora maioria dos países latino-americanos assumirem uma posição neutral no conflito e se coibirem de reforçar a capacidade de fogo das forças ucranianas.
"Estou muito satisfeita por os países da América Latina terem confirmado que não vão fornecer armamento à Ucrânia. É que também eles sentiram na pele o 'amor' dos norte-americanos", afirmou.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). (RM /NMinuto)
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