O primeiro-ministro designado da Líbia, Abdel Hamid Dbeibah, apelou hoje à saída dos 20.000 mercenários e combatentes estrangeiros presentes no país, envolvido em anos de conflito armado, lutas pelo poder e numa interminável transição política.
Os mercenários são uma facada nas nossas costas. É necessário que partam. Vamos contactar a missão da ONU e os representantes dos países [de origem] para que abandonem a Líbia", assinalou.
"A nossa soberania está a ser ridicularizada devido à sua presença", acrescentou Dbeibah.
Na semana passada chegou à Líbia a primeira unidade de observadores internacionais com o objectivo, entre outros, de verificar a partida dos combatentes estrangeiros presentes do país do norte de África, em aplicação do acordo de cessar-fogo concluído em 23 de Outubro, entre os beligerantes.
A ONU afirma que no início de Dezembro permaneciam na Líbia 20.000 mercenários e soldados estrangeiros, originários da Síria, do Sudão, do Chade ou ainda da Rússia, através do grupo privado russo Wagner. A data de 23 de Janeiro, fixada para a sua retirada, não foi cumprida.
O Primeiro-Ministro discursava perante dos deputados, reunidos em Sirte, leste do país, e exortou-os a manifestarem confiança no seu Governo com o objectivo de unificar o país, que mergulhou no caos após a queda de Muammar Khadafi em 2011.
Após denunciar uma "campanha feroz" destinada a "destruir" o país, Dbeibah defendeu a composição do seu "Governo de unidade nacional", que deverá substituir os dois poderes rivais sediados no oeste e no leste.
"O meu primeiro objectivo consiste em escolher as pessoas com as quais estarei em condições de trabalhar, pouco importa de onde provenham". Elas "devem ser capazes de trabalhar para todos os líbios", insistiu.
Abdel Hamid Dbeibah, um milionário de 61 anos e natural de Misrata, oeste do país, foi designado em 05 de Fevereiro por 75 responsáveis líbios de diversos quadrantes e reunidos em Genebra sob a égide da ONU, a par de um Conselho presidencial de três membros.
Na segunda-feira uma primeira sessão do parlamento, qualificada de "histórica" pela ONU, reuniu mais de 130 deputados num total de 188, para um voto de confiança.
O Governo proposto por Dbeibah integra dois vice-primeiros-ministros, 26 ministros e seis ministros de Estado. Dois ministérios decisivos, Negócios Estrangeiros e Justiça, foram entregues a mulheres, uma decisão inédita na Líbia.
O novo executivo deverá ser aprovado até 19 de Março pelo parlamento, que se tem reunido de forma esporádica, antes de tentar assegurar o período de transição até às eleições previstas para o final de Dezembro.(RM /NMinuto)
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