O chefe da junta militar do Sudão, Abdel-Fattah al-Burhan, garantiu esta terça-feira que "as portas do diálogo estão abertas" a todas as forças políticas e revolucionárias com o objectivo de fazer avançar o processo de transição democrática.
De acordo com um comunicado do Conselho Soberano emitido no final de uma reunião com o encarregado de negócios dos Estados Unidos, Brian Shukan, "as portas do diálogo continuam abertas a todas as forças políticas e aos jovens da revolução para conseguir completar as estruturas do período de transição e avançar no caminho da transição democrática até às eleições livres e justas que trarão um governo civil eleito".
Ainda segundo o texto, citado pela agência espanhola de notícias, Efe, o responsável norte-americano defendeu "a continuação do caminho da transformação democrática, a aceleração da formação do governo executivo e a finalização do resto das estruturas da autoridade de transição".
Depois da reunião com Shukan, Al-Burhan reuniu-se com o enviado especial da ONU ao Sudão, Volker Perhes, tendo ambos "enfatizado a necessidade de completar as estruturas do período de transição e a aceleração da nomeação de um novo primeiro-ministro", segundo a agência estatal de notícias do Sudão (SUNA).
As reuniões de hoje surgem depois do agravamento da crise no processo de transição devido à demissão, no domingo, do primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, e no mesmo dia em que as autoridades lançaram gás lacrimogéneo, em Cartum, para dispersar milhares de pessoas que saíram às ruas em protesto contra o golpe de Estado de Outubro, tendo causado pelo menos 30 feridos, relatam as agências internacionais.
A Associated Press conta que milhares de pessoas participaram nos protestos na capital, em Omdurman e noutras cidades do país, manifestações que ocorrem dois dias após a demissão do primeiro-ministro.
O primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, foi afastado no golpe de Outubro e voltou a liderar o Governo um mês depois na sequência de um acordo com os militares para acalmar a tensão e os protestos anti-golpe.
Hamdok demitiu-se no Domingo perante o impasse político, afirmando não ter conseguido alcançar um compromisso entre os generais no poder e o movimento pró-democracia.
O Sudão vive um impasse político desde o golpe militar de 25 de Outubro, que ocorreu dois anos após uma revolta popular remover o autocrata Omar al-Bashir e o seu governo islamita em Abril de 2019.
Sob pressão internacional, os militares reinstalaram Hamdok em Novembro para liderar um Governo tecnocrata, mas o acordo não envolveu o movimento pró-democracia por detrás do derrube de al-Bashir.
Desde então, Hamdok não conseguiu formar Governo perante protestos incessantes, não só contra o golpe de Estado, mas também contra o seu acordo com os militares. (RM-NM)
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