Líderes de organizações internacionais e especialistas mundiais reunidos, este domingo, apelaram à cooperação para combater a pandemia de covid-19, reconhecendo tratar-se de uma crise de dimensões históricas.
"O nacionalismo nas vacinas não vai acabar com a pandemia, mas fazê-la que dure mais", advertiu o director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, na Cimeira Global da Saúde ('Global Health Summit'), um evento organizado em Berlim, no qual participou à distância.
O desafio de encontrar uma vacina contra a covid-19 foi o símbolo dessa cooperação internacional exortada pelo responsável da OMS e outros líderes mundiais, que não puderam vir à capital alemã precisamente porque a pandemia está em plena segunda vaga na Europa, agora epicentro mundial dos contágios.
Tedros abordou alguns dos aspectos mais determinantes para o sucesso da estratégica de colocar diques contra a pandemia, mas sublinhou especificamente que, quando a vacina contra a covid-19 chegar, esta terá de ser administrada de uma determinada forma.
"Precisamos de vacinar algumas pessoas em todos os países e não todas pessoas em alguns países", sublinhou Tedros, aludindo à competição global desencadeada para obter a maior quantidade possível de doses, mesmo sem ter ainda a vacina.
"Desde Berlim a Bogotá, de Minneapolis a Bombaim, de Seul a São Petersburgo, todos enfrentamos a mesma ameaça", acrescentou o responsável da OMS, que fez uma defesa dos sistemas de saúde dotados de profissionais, equipas e material suficientes.
A pandemia deixa uma "lição clara" de que "um sistema de saúde forte é um sistema de saúde resiliente", afirmou Tedros, que admitiu que a saúde pública é o resultado de "decisões políticas", não apenas das mais recentes, mas das tomadas no passado com consequências atuais.
A covid-19 "pôs em evidência que a negligência das funções dos sistemas de saúde no apoio à resposta às emergências teve consequências desastrosas", constatou o director-geral da OMS.
Tedros aproveitou ainda a oportunidade para destacar que a pandemia tornou "concreto" os conceitos do multilateralismo, da cooperação internacional e da solidariedade.
O responsável da OMS deu nota da recente onda de surtos de covid-19 em muitos países e mencionou que isso está a acontecer em países que reabrem as suas sociedades e economias "demasiado rápido".
No entanto, acrescentou que "assumir rapidamente as medidas certas" tem como consequência observada que os surtos podem ser controlados.
Na cimeira berlinense virtual participou também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que advertiu que esta é "a crise da nossa era" e apelou à solidariedade dos países desenvolvidos para apoiar aqueles que não têm recursos suficientes para manter os sistemas de saúde adequados.
António Guterres aludiu também à questão da vacina para alertar de que deverá ser "um bem público global", uma vez que a cobertura universal da saúde é "um direito humano".
Também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participou no encontro, apelando que é preciso uma "mudança mental" em relação à saúde, para não atender apenas aos resultados clínicos.
Von der Leyen assegurou que na União Europeia, com severos aumentos recentes dos casos de novos contágios em todo o território, a prioridade passa pela "coordenação e cooperação transfronteiriça" para não repetir a situação de confinamento e encerramento de fronteiras que dominou a primeira onda da pandemia durante a primavera.
A reunião convocada em Berlim e realizada hoje à distância acontece quando os casos globais de covid-19 alcançam os 42,5 milhões, depois de se registarem 438.000 novos contágios nas últimas 24 horas e de França passar a ser o país da Europa Ocidental mais afectado, depois de ultrapassar a Espanha em positivos ao novo coronavírus, segundo dados da OMS.
Depois de três dias consecutivos de recordes diários de infecções, este domingo registou-se uma ligeira descida face aos 468.000 de sábado, embora a taxa continue muito alta, em especial na Europa, onde se concentra já quase metade dos positivos de covid-19 no planeta.
O número de mortos com a pandemia mantem-se em 1,1 milhões, sendo que por regiões a América acumula 19,4 milhões de casos e 622.000 óbitos, enquanto a Europa é a segunda mais afectada, com 9,2 milhões de contágios e 267.000 falecimentos.
O sul da Ásia soma 8,8 milhões de casos e 139.000 mortes e, no Médio Oriente, os positivos elevam-se a 2,9 milhões, com os óbitos a ascender a 73.000.
Por sua vez, os Estados Unidos acumulam 8,4 milhões de casos, seguido da Índia, com 7,8 milhões. O Brasil conta com 5,3 milhões e a Rússia 1,5 milhões.
Em seguida, ultrapassando um milhão de casos, está a Argentina, França e Espanha, embora seja o segundo destes países que regista taxas diárias de contágio mais preocupantes, com 45.000 casos por dia, duplicando os números espanhóis.
A Colômbia está também à beira de superar a barreira de um milhão de contágios, enquanto o Peru e o México se situam nos 880.000 e o Reino Unido nos 854.000.
Os pacientes recuperados em todo o mundo são três quartos do total (31,7 milhões), e dos casos activos apenas 1% (cerca de 77.000, número que aumenta ao mesmo ritmo que sobem os casos totais) está em estado grave ou crítico. RM /NMinuto)
Bem-vindo ao nosso Centro de Subscrição de Newsletters Informativos. Subscreva no formulário abaixo para receber as últimas notícias e actualizações da Rádio Moçambique.