O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, insistiu, esta sexta-feira, que o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, precisa provar que ganhou as eleições presidenciais realizadas em Julho passado na Venezuela.
Questionado sobre a crise política no país vizinho durante uma entrevista à rádio Difusora, da cidade brasileira de Goiânia, Lula da Silva considerou que o comportamento de Maduro tem sido 'decepcionante' e destacou que o líder venezuelano, como presidente, "deveria provar que era o favorito do povo venezuelano, mas não o faz".
"Eu não reconheci o resultado eleitoral da Venezuela, [porque estava] apenas exigindo que o Maduro tivesse entregado as actas para o Conselho Nacional Eleitoral, que tinha três membros do Governo e dois da oposição. Ele [Maduro] preferiu não passar pelo colégio eleitoral e foi directo para a Suprema Corte", afirmou o presidente brasileiro.
"Então, eu me senti no direito de dizer que não reconhecia aquilo [o resultado da eleição], porque não estava correcto, porque eu também não reconheço o facto de a oposição ganhar. Ali [na Venezuela] só tinha uma solução, ou fazer uma nova eleição, ou fazer uma coligação para que pudessem conviver democraticamente", acrescentou.
Lula da Silva afirmou que o Brasil e a Colômbia, dois países afectados pela crise migratória causada pela fuga de milhares de venezuelanos insatisfeitos com o regime de Maduro e que tentam negociar uma solução para a crise no país vizinho, decidiram adoptar a mesma posição em relação à eleição alegadamente vencida por Maduro.
"Nós estamos agora numa posição única Brasil e Colômbia. A gente não aceitou o resultado das eleições, mas não vamos romper relações e também não concordamos com a punição unilateral, o bloqueio, porque o bloqueio não prejudica o Maduro, o bloqueio prejudica o povo e acho que o povo não deve ser vítima disso", concluiu Lula da Silva.
A vitória de Maduro foi proclamada pelo Colégio Eleitoral Nacional (CNE) e posteriormente ratificada num polémico processo que o próprio líder venezuelano promoveu perante o Supremo Tribunal do seu país, embora até à data não tenham sido apresentados os registos detalhados das votações.
Lula da Silva, juntamente com o presidente colombiano, Gustavo Petro, e em menor medida com o presidente mexicano, Andrés López Obrador, tentaram a mediação sem sucesso e insistiram na publicação das atas de votação da eleição, que a oposição divulgou num site com resultado amplamente favorável ao seu candidato, Edmundo González Urrutia.
Esta semana, a crise entre Maduro e a oposição escalou quando o Ministério Público da Venezuela pediu à justiça que emitisse um mandado de prisão contra Urrutia, depois de este não ter comparecido a três convocatórias, nas quais devia prestar declarações no âmbito da investigação sobre a publicação das actas recolhidas por testemunhas e membros das mesas de voto divulgadas pelo seu grupo político.
A PUD divulgou as actas, que o executivo, por sua vez, qualificou de falsas, depois de o Conselho Nacional Eleitoral ter proclamado Maduro como vencedor das eleições.
A vitória do actual presidente foi questionada por vários países, alguns dos quais apoiam a afirmação de que González Urrutia ganhou a liderança do país. (RM /NMinuto)
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