Membros do G20 sem consenso sobre conflitos de Gaza e Ucrânia

Publicado: 22/07/2024, 18:55
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A Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20 arrancou hoje com os membros das maiores economias mundiais em desacordo sobre a discussão dos conflitos em Gaza e na Ucrânia durante as reuniões que decorrem durante a semana no Rio de Janeiro.

"Alguns membros e outros participantes expressaram suas perspectivas sobre a Rússia e a Ucrânia e a situação em Gaza", começou por explicar, em comunicado, o Governo brasileiro, que até ao final de Novembro detém a presidência do grupo das 20 maiores economias mundiais.

De acordo com as autoridades brasileiras, "alguns membros e outros participantes consideraram que essas questões têm impacto na economia global e devem ser tratadas no G20".

Por outro lado, "outros não acreditam que o G20 seja fórum para discuti-las". Fonte oficial da presidência brasileira no G20 disse à Lusa que representantes norte-americanos e russos estão presentes na Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, que decorre até terça-feira.

A presidência brasileira, de acordo com fontes oficiais à Lusa, tem procurado isolar as questões geopolíticas globais, de forma a conseguir alcançar consensos nas áreas a que se propôs fazer avançar durante a sua presidência.

Desta forma, conseguiu hoje consensos para a assinatura de dois documentos, os primeiros a ser firmados em mais de dois anos no seio do G20: "Chamado à Ação do G20 sobre o Fortalecimento dos Serviços de Água Potável, Saneamento e Higiene" e "Não deixar ninguém para trás: Declaração Ministerial de Desenvolvimento do G20 para reduzir as desigualdades".

Para além disso, as autoridades brasileiras querem, na quarta-feira, recolher o máximo de apoio possível no pré-lançamento de uma aliança contra a fome.

Com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e de vários ministros internacionais, o chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, vai lançar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

O objectivo passa por formalizar os documentos da iniciativa e, com isso, possibilitar a adesão dos países interessados.

A partir de quarta-feira, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza passará a estar aberta a adesões, com a expectativa de que seja definitivamente lançada em Novembro, durante a Cimeira de Líderes do G20, também no Rio de Janeiro.

Portugal, que foi convidado, assim como Angola, pela presidência brasileira para membro observador do G20, estará representado, de acordo com fontes diplomáticas à Lusa, pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos (Reunião Ministerial de Desenvolvimento), pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel (reunião da Força-Tarefa do G20 para o Estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza) e pelo secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, José Maria Brandão de Brito (ministros das Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20).

Em Fortaleza, de acordo com a mesma fonte, entre quinta e sexta-feira, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, será a representante portuguesa na reunião do Grupo de Trabalho sobre Emprego.

As prioridades do Governo brasileiro para esta presidência são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global, nomeadamente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algo que tem vindo a ser defendido por Lula da Silva desde que tomou posse como Presidente do Brasil, denunciando o défice de representatividade e legitimidade das principais organizações internacionais.

Os membros do G20 são as 19 principais economias do mundo: Estados Unidos da América, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia, mais a União Europeia e a União Africana.

O Brasil, que exerce a presidência do G20 desde o primeiro dia de Dezembro de 2023, convidou Portugal, Angola, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização, assim como a Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). (RM-NM)

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